Inicialmente, a narradora denota-se uma biografa (sabemos que a história foi dedicada a uma amante de Woolf, Vita
Sackville) com o dever de relatar a história de Orlando. Um jovem nobre, muito
belo e encantador que vivia em Londres junto da grande corte real onde era
muito agraciado. Os primeiros trinta anos de Orlando caracterizam uma jornada
muito refinada, Orlando tinha uma grande paixão pela literatura e aspirava ser
um poeta, por isso circulava em meios artísticos, além da grande sociedade
inglesa.
Após trinta anos de vida, Orlando, após
uma grave decepção amorosa e um retiro de Londres entra em um estado profundo
de sono e em seus sonhos, é recebido por três entidades: A modéstia, a pureza e
a castidade. Quando acorda, Orlando se transforma em uma mulher. O elemento fantástico da transição de
homem para mulher é aceito de bom grado pelo protagonista. Decide então mudar
de vida e seguir sua jornada junto com ciganos nômades, todavia o sonho de ser
poeta persiste e depois de alguns anos decide retornar a Londres, agora como
Lady Orlando.
A mudança para Londres se torna um
momento essencial na história, uma vez que Orlando vivendo na metrópole começa a
questionar os valores da época, é nesse momento que Virginia Woolf nos coloca a
pensar sobre a questão do gênero, Orlando tece críticas fortes sobre a
desigualdade entre os gêneros. Orlando começa a perceber o quão equivoca eram
as convicções que possuía quando homem sobre a vida feminina e quanta liberdade
ele possuía quando era o mesmo, esta foi cortada pela sociedade e seus valores no
momento que se tornou uma mulher.
Virginia Woolf trazia, no início do
século XX, para o público uma discussão que até hoje se faz presente em
assuntos do dia-a-dia e que são muitas vezes marginalizados ou vistos como fortes
tabus, mesmo sendo precisos. A questão do gênero, da desigualdade, da marginalização
e da igualdade são trazidas para as páginas da história com uma delicadeza inigualável
e com grande naturalidade que se fazia necessária. Orlando é uma alegoria para
que nos colocarmos no lugar das pessoas que são tratadas como desigual e a
leitura de Orlando é primordial para todos aqueles que mostram interessa a
discutir sobre gêneros na atualidade. Será uma obra que levarei sempre em minha
mente e reflexões.
Com carinho, Malu, a traça dos livros.
Com carinho, Malu, a traça dos livros.
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