segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

(Análise) Orlando: Vamos falar de gênero

Escolhi colocar a capa do exemplar que li  


Este foi meu primeiro contato com os romances de Virginia Woolf, anteriormente eu só conhecia os contos dela, e assumo que foi um choque e tanto! Primeiramente por ter um estilo diferenciado das demais obras que li e também pela escolha do enredo, que me deixou muito sensibilizada e me colocou em discussão sobre assuntos que até hoje se fazem tão presentes no cotidiano e a necessidade de serem abordados.

Inicialmente, a narradora denota-se uma biografa (sabemos que a história foi dedicada a uma amante de Woolf, Vita Sackville) com o dever de relatar a história de Orlando. Um jovem nobre, muito belo e encantador que vivia em Londres junto da grande corte real onde era muito agraciado. Os primeiros trinta anos de Orlando caracterizam uma jornada muito refinada, Orlando tinha uma grande paixão pela literatura e aspirava ser um poeta, por isso circulava em meios artísticos, além da grande sociedade inglesa.

Após trinta anos de vida, Orlando, após uma grave decepção amorosa e um retiro de Londres entra em um estado profundo de sono e em seus sonhos, é recebido por três entidades: A modéstia, a pureza e a castidade. Quando acorda, Orlando se transforma em uma mulher. O elemento fantástico da transição de homem para mulher é aceito de bom grado pelo protagonista. Decide então mudar de vida e seguir sua jornada junto com ciganos nômades, todavia o sonho de ser poeta persiste e depois de alguns anos decide retornar a Londres, agora como Lady Orlando.

A mudança para Londres se torna um momento essencial na história, uma vez que Orlando vivendo na metrópole começa a questionar os valores da época, é nesse momento que Virginia Woolf nos coloca a pensar sobre a questão do gênero, Orlando tece críticas fortes sobre a desigualdade entre os gêneros. Orlando começa a perceber o quão equivoca eram as convicções que possuía quando homem sobre a vida feminina e quanta liberdade ele possuía quando era o mesmo, esta foi cortada pela sociedade e seus valores no momento que se tornou uma mulher.

Virginia Woolf trazia, no início do século XX, para o público uma discussão que até hoje se faz presente em assuntos do dia-a-dia e que são muitas vezes marginalizados ou vistos como fortes tabus, mesmo sendo precisos. A questão do gênero, da desigualdade, da marginalização e da igualdade são trazidas para as páginas da história com uma delicadeza inigualável e com grande naturalidade que se fazia necessária. Orlando é uma alegoria para que nos colocarmos no lugar das pessoas que são tratadas como desigual e a leitura de Orlando é primordial para todos aqueles que mostram interessa a discutir sobre gêneros na atualidade. Será uma obra que levarei sempre em minha mente e reflexões.

Com carinho, Malu, a traça dos livros. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário