“Salinger foi uma
daquelas pessoas raras que podem ser citadas como pessoas que criaram uma
geração” é com essa frase, retirada de uma resenha de outro blog que começo
minha resenha. O livro escrito durante o período pós Segunda Guerra Mundial nos
instiga desde a primeira até a última página, nos trazendo uma nova forma de
pensar sobre o mundo ao redor e sobre a geração que se fundou naquela época e
que até hoje persiste na reflexão das mesmas dúvidas que no romance pioneiro
foi abordado.
Somos apresentados a Holden
Caulfield, um rapaz americano de dezesseis anos, nascido em uma família
abastada, estudante de um colégio interno para garotos. Durante um período de
um dia, vivemos o cotidiano de Holden que sofre grandes mudanças ao longo
deste.
A narrativa se inicia com a
descoberta da expulsão de Holden do colégio interno, não era a primeira vez que
isto ocorria a ele e isto o faz querer partir no meio da noite para Nova York,
antes do feriado de natal cujo o mesmo voltaria para casa e notificaria os pais
sobre a expulsão. Holden se mostra uma pessoa frustrada, incompreendida por
todos a sua volta e exausto das situações que se inseria. Primeiramente, Holden
não suportava mais o colégio e seus colegas e ao longo de sua viagem por Nova
York, vendo os cenários que se inseria, no meio do mundo, mais ainda se sentia
não pertencente a aquela esfera, tecendo críticas fervorosas contra a realidade
que vivia.
Holden é um personagem rebelde e
muito complexo, é difícil defini-lo uma vez que possuía opiniões tão formadas e
também era cercado por muitas dúvidas. Salliinger, teceu um trabalho fenomenal
ao criar este personagem que nada mais é do que um jovem ser humano, cheio de
dúvidas quanto seu futuro, sem perspectivas, abominando o círculo social que
foi inserido e tentando buscar uma essência ou algo que traria certo sentido.
Holden me lembrou muito o personagem principal de “Into the Wild”, em busca de
obter sentido e a frustração com o meio que vivia, talvez até possa ter
ligação, uma vez que o autor trouxe à tona uma análise atual que até hoje é
discutida entre os jovens.
Durante sua estadia em Nova York,
Holden se vê em situações que denunciam a sociedade e seu modo de vida
selvagem, cheio de maldade e injustiças, o próprio Holden se decepciona por
vários momentos com pessoas ao seu redor (como seus antigos professores) e
também se comove com outros, a ponto de fazer amizades. Temos durante a
leitura, grandes reflexões interiores do protagonista, cujo expressa suas
ideias e lamentos sobre a vida, até chegar na conclusão que o melhor a fazer
seria abandonar tudo isso e seguir para um novo lugar, para recomeçar sua vida
(a ligação com Into the Wild também). Todavia tomamos conhecimento da
personagem Phoebe, a irmã mais nova de Holden, uma garota de nove anos que traz
muitas respostas para Holden a partir de gestos de carinho sem nenhuma
pretensão, a ligação entre os dois irmãos é muito forte e bonita, Phoebe mesmo
com nove anos mostra ser uma menina muito evoluída e que consegue entender seu
irmão. E também Allie, o irmão falecido de Caulfield cujo traz muitas memórias
e reflexões para Holden.
No final, temos última cena no
carrossel do parque, Holden, vendo sua irmã brincando no lugar, começa a pensar
sobre suas decisões e finaliza junto da irmã com a resposta de que não iria
partir e seguiria para a casa dos pais para contar da expulsão do colégio.
Terminada a narrativa, não sabemos o rumo do personagem, ele poderia muito bem
ter repaginado sua vida ou sucumbido ao reduto que tanto criticou.
Para mim, a narrativa é fantástica!
O autor conseguiu trazer para nós um espírito de questionamento e também de
identificação. Frisarei para a última cena do livro, cujo me emocionou e me deu
aquela vontade de querer saber mais sobre o futuro dos personagens, da reação
dos pais de Holden, se ele reencontraria Jane Gallangher ou se seguiria de
forma diferente sua vida, todavia consegui entender que aquele era o momento da
história acabar e me senti muito grata por ter conhecido esta brilhante
história.
Com carinho, Malu, a Traça dos livros.
obs: retirei a citação do blog "Pílulas Literárias".
Por coincidência, comecei a ler esse livro na duas semanas.Apesar de ser um "clássico" nunca me interessei..
ResponderExcluirO autor sempre misterioso e escondendo-se do mundo pouco me atraía.Agora chegou o momento..