quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

(Análise) O Apanhador do Campo de Centeio: A geração da dúvida que surgia (CBC)



“Salinger foi uma daquelas pessoas raras que podem ser citadas como pessoas que criaram uma geração” é com essa frase, retirada de uma resenha de outro blog que começo minha resenha. O livro escrito durante o período pós Segunda Guerra Mundial nos instiga desde a primeira até a última página, nos trazendo uma nova forma de pensar sobre o mundo ao redor e sobre a geração que se fundou naquela época e que até hoje persiste na reflexão das mesmas dúvidas que no romance pioneiro foi abordado. 

Somos apresentados a Holden Caulfield, um rapaz americano de dezesseis anos, nascido em uma família abastada, estudante de um colégio interno para garotos. Durante um período de um dia, vivemos o cotidiano de Holden que sofre grandes mudanças ao longo deste.

A narrativa se inicia com a descoberta da expulsão de Holden do colégio interno, não era a primeira vez que isto ocorria a ele e isto o faz querer partir no meio da noite para Nova York, antes do feriado de natal cujo o mesmo voltaria para casa e notificaria os pais sobre a expulsão. Holden se mostra uma pessoa frustrada, incompreendida por todos a sua volta e exausto das situações que se inseria. Primeiramente, Holden não suportava mais o colégio e seus colegas e ao longo de sua viagem por Nova York, vendo os cenários que se inseria, no meio do mundo, mais ainda se sentia não pertencente a aquela esfera, tecendo críticas fervorosas contra a realidade que vivia.

Holden é um personagem rebelde e muito complexo, é difícil defini-lo uma vez que possuía opiniões tão formadas e também era cercado por muitas dúvidas. Salliinger, teceu um trabalho fenomenal ao criar este personagem que nada mais é do que um jovem ser humano, cheio de dúvidas quanto seu futuro, sem perspectivas, abominando o círculo social que foi inserido e tentando buscar uma essência ou algo que traria certo sentido. Holden me lembrou muito o personagem principal de “Into the Wild”, em busca de obter sentido e a frustração com o meio que vivia, talvez até possa ter ligação, uma vez que o autor trouxe à tona uma análise atual que até hoje é discutida entre os jovens.

Durante sua estadia em Nova York, Holden se vê em situações que denunciam a sociedade e seu modo de vida selvagem, cheio de maldade e injustiças, o próprio Holden se decepciona por vários momentos com pessoas ao seu redor (como seus antigos professores) e também se comove com outros, a ponto de fazer amizades. Temos durante a leitura, grandes reflexões interiores do protagonista, cujo expressa suas ideias e lamentos sobre a vida, até chegar na conclusão que o melhor a fazer seria abandonar tudo isso e seguir para um novo lugar, para recomeçar sua vida (a ligação com Into the Wild também). Todavia tomamos conhecimento da personagem Phoebe, a irmã mais nova de Holden, uma garota de nove anos que traz muitas respostas para Holden a partir de gestos de carinho sem nenhuma pretensão, a ligação entre os dois irmãos é muito forte e bonita, Phoebe mesmo com nove anos mostra ser uma menina muito evoluída e que consegue entender seu irmão. E também Allie, o irmão falecido de Caulfield cujo traz muitas memórias e reflexões para Holden.

No final, temos última cena no carrossel do parque, Holden, vendo sua irmã brincando no lugar, começa a pensar sobre suas decisões e finaliza junto da irmã com a resposta de que não iria partir e seguiria para a casa dos pais para contar da expulsão do colégio. Terminada a narrativa, não sabemos o rumo do personagem, ele poderia muito bem ter repaginado sua vida ou sucumbido ao reduto que tanto criticou.

Para mim, a narrativa é fantástica! O autor conseguiu trazer para nós um espírito de questionamento e também de identificação. Frisarei para a última cena do livro, cujo me emocionou e me deu aquela vontade de querer saber mais sobre o futuro dos personagens, da reação dos pais de Holden, se ele reencontraria Jane Gallangher ou se seguiria de forma diferente sua vida, todavia consegui entender que aquele era o momento da história acabar e me senti muito grata por ter conhecido esta brilhante história.

Com carinho, Malu, a Traça dos livros.

obs: retirei a citação do blog "Pílulas Literárias". 

Um comentário:

  1. Por coincidência, comecei a ler esse livro na duas semanas.Apesar de ser um "clássico" nunca me interessei..
    O autor sempre misterioso e escondendo-se do mundo pouco me atraía.Agora chegou o momento..

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