quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Profissões para mulheres e outros textos feministas, leituras virginianas continuam...


Começamos o ano com mais uma leitura virginiana, estou convicta que assim como Jane Austen, Virginia Woolf ganhou um espaço enorme de admiração dentro de mim e de minha estante e desta vez li algo um pouco mais diferenciado. Havia um tempo que vi que a editora tinha reunido certos ensaios dela e feito este pequeno livro, pequeno apenas em tamanho, pois em qualidade ele atinge níveis extremos.
Primeiro tenho que ressaltar o título “... outros textos feministas” acho muito importante colocar este nome em um título de Virginia, pois mesmo ela não sendo declaradamente feminista em sua escrita, em todos os momentos vemos graus de resistência e crítica a sociedade no qual ela está inserida. Especialmente neste livro o papel da mulher em sociedade e também na literatura são expostos de uma forma magnífica.

O livro reúne sete ensaios da autora sobre um tema central, o papel da mulher na sociedade. Vou destacar a presença da crítica do papel da mulher no ambiente intelectual e da literatura, um campo que para Virginia não se mostrou fácil e que com muito reconhecimento, cita autoras que abriram caminhos para que a mesma pudesse ter a liberdade de escrever, chega a ser inspirador ver ela citando nomes como o de Jane Austen como uma das percursoras da literatura feminina, encorajando outras após ela a fazerem o mesmo.

Saliento o primeiro ensaio cujo Virginia busca desmitificar a concepção tradicional da mulher, vista como um “anjo do lar”, a mesma diz que para obter a posição no qual ela se colocou na literatura, Virginia teve que matar esse anjo, para que assim ocorresse a liberdade para a literatura, desprendendo de amarras que estigmatizavam a mulher como um ser frágil e puro, era preciso exorcizar estes demônios para que assim pudesse seguir o sonho de escrever livremente.

Devo confessar, em alguns momentos me vi emocionada a ler aquelas palavras que iam muito de encontro sobre tudo que eu acredito em minha vida, questões como liberdade, feminismo, literatura, de tanto concordar chegava a sorrir ao ler aquelas lindas palavras. É inspirador demais! É um livro que recomendarei para todas as pessoas que buscam essa liberdade.

Não é de hoje que venho me encantando com a genialidade de Virginia Woolf e saber que ela é uma das responsáveis por pavimentar o caminho que curso mesmo com muita luta ainda percorro, ela não é apenas uma autora, mas uma mulher que não só revolucionou a literatura, mas que pode contribui para que o movimento feminista pudesse ser consolidado, é uma eterna gratidão e admiração.

O texto desta vez foi curto, pois não quero me estender, quero que procurem esta leitura e tenham a mesma sensação que eu tive, de imensa gratidão e profunda admiração por uma mulher que não teve medo de ser a escritora magnífica que foi! Eternamente serei uma admiradora de Virginia Woolf.

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros. 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Os melhores 10 livros lidos em 2018

Não sabia que foto colocar então decidi postar a minha foto mais recente, aliás esta parede de livros era incrível!

Nesse período de férias, decidi fazer uma lista dos dez livros que mais amei ter lido no ano de 2018 e posso dizer que não foi fácil fazer a seleção uma vez que adorei muitas obras que li e tirei vários ensinamentos de cada uma. A lista não tem uma ordem, por grau de importância, tempo ou qualquer coisa assim, não quis por um critério na colocação porque no final, todos foram muito especiais para mim no ano que se passou. E lá vamos nós...


  • Anna Karenina (Liev Tolstói)
Podemos dizer que esse livro é um esplendor em todos os sentidos, em cada detalhe tudo se faz perfeito e envolvente aos olhos do leitor, foram mais de 900 páginas lidas com muito fervor e encanto, eu me v envolvida em todos os momentos por uma história cheia de tantos fatores e ao mesmo tempo tão incrível que quando fui escrever para blog, não e achei digna o suficiente de escrever tudo que ali foi transmitido, é surreal esta obra! Com certeza lerei outra vez.
  • As Ondas (Virginia Woolf)
Virginia... Minha querida autora que no ano de 2018 em especial foi muito lida e apreciada, "As Ondas" sem dúvidas foi o livro dela que mais adorei ter lido, por além de trazer um estilo completamente refinado e único, tudo que ali foi dito me cativou demais, frases que eu levarei pelo resto da vida, além disso, a leitura tinha uma forma de circularidade que era envolvente e que mesmo tendo um enredo muito simples, fazia a obra ser incrível por si só. Este é o tipo de livro que se me disserem, qual o livro que você mais ama em sua vida, eu direi, "As Ondas". 
  • Dom Casmurro (Machado de Assis)
Sim, eu li "Dom Casmurro" só agora com dezenove anos e não tenho vergonha nenhuma de dizer isso pois acredito que foi no momento exato esta leitura. Também devo uma análise aqui no blog, junto com todos os livros que li na matéria de consolidação da literatura brasileira na faculdade, e posso dizer que não é a toa que este libro é a magna obra da literatura brasileira, ouso dizer que nenhum escritor chegou a fazer o que machado de Assis fez neste livro, é único, é perfeito e além disso é genuinamente do nosso país! 
  • Folhas de Relva (Walt Whitman)
Falo com tranquilidade que foi a minha melhor postagem no blog, este livro me inspirou de uma maneira tão grande que chega ser inexplicável a sensação que tive nessa leitura, é a perfeição em sua forma poética, mas também de uma forma simples e humilde que nos faz querer amar ainda mais a nossa vida, é um canto esplendido ao universo e tudo que aqui pertence. Ao ler cada verso, um sorriso no meu rosto desabrochava e me fazia querer continuar, sem dúvidas é o livro de poesia que mais amei ter lido.
  • A Insustentável Leveza do Ser (Milan Kundera)
Existe certos tipos de livros que atacam seu íntimo e pessoal de uma forma que nem nós conseguimos explicar e foi isso que aconteceu com este livro, eu ainda não entendo o que realmente houve no momento daquela leitura, mas simplesmente fez este livro se tornar o livro da minha vida! Tudo ali escrito me fez ter uma identificação com cada personagem e certas ações deles, a forma como tudo era escrito e certos trechos que se encaixavam com o que eu estava sentido. Este livro me sensibilizou demais e me trouxe sentimentos que não sabia que estava sentindo na época, foi maravilhoso e sempre levarei com muito carinho e admiração esta obra. Foi um encontro de almas, a minha alma e a alma daquela história.
  • Um Teto Todo Seu (Virginia Woolf)
Mais uma vez, Virginia. Desta vez os ensaios reunidos dentro desta obra foram de encontro com o que eu mais prezo em minha vida, a liberdade de ser o que quiser. Virginia nos dá uma visão de como é ser uma mulher escritora em sua época e como isso ainda pode ser ligado aos dias de hoje, tirei muitos ensinamentos deste livro e o que mais me chamou a atenção foi ver o nele o nome de Jane Austen como alguém que abriu caminhos para outras escritoras continuarem,  quem sabe um dia uma destas escritoras seja eu e devo ser eternamente grata por ela e por Virginia por terem seguido seus sonhos para que um dia eu pudesse seguir o meu.
  • O Apanhador no campo de centeio (J. D. Salinger)
Foi um dos primeiros livros que li em 2018 e um dos que eu mais gostei. Acredito que esta obra deveria ser obrigatória para todos, pois ela traz ensinamentos e reflexões que podemos levar a vida toda sobre nossa vida e nosso futuro, muitas questões presentes em Holden também estão presentes em nós por isso se torna algo tão universal e próximo do nosso pessoal. Um clássico é um clássico e logo, deve ser querido como tal pois é fabuloso mesmo.

  • O Sol é para todos (Harper Lee)
Li este livro com muto entusiasmo e terminei as páginas com lágrimas nos olhos. Ver a história sendo contada pelo olhar inocente de uma criança em uma sociedade ainda racista é de se emocionar muito além de nos fazer refletir sobre nossas ações no mundo atual, certas questões ainda não foram completamente resolvidas em nossa humanidade sendo que já passou da hora de isso acontecer. Outro livro que é necessário a leitura pra todos.
  • Orlando (Virginia Woolf)
Eu juro, é o último livro da Virginia que comento... Mas não tem jeito, ela é fantástica! E "Orlando" foi uma das obras mais interessantes que já li na vida, uma vez que aborda temas como a questão do gênero de uma forma muito exemplar e crítica, são levantadas questões que até hoje são abordadas e discutidas, nos mostrando quanto Virginia estava a frente de seu tempo e da sociedade que estava inserida. Esse livro é incrível, é isto.
  • Cem anos de solidão (Gabriel Garcia Marquez)

Último, mas não menos importante! Inclusive foi o último livro que li em 2018, mostrando que nos quarenta e cinco do segundo tempo podemos conhecer uma obra maravilhosa e que me encantou tanto, cheguei a ficar dias refletindo sobre a vida daqueles personagens e como a história dos Buendía era ao mesmo tempo trágica, também maravilhosa, além disso era universal. Tratava-se da universalidade da vida com um toque de fantástico que para Garcia Marquez era o essencial da vida, simplesmente perfeito.

Bom, esses foram os escolhidos depois de muito pensar sobre, só posso pedir que 2019 novas experiências aconteçam e que a felicidade e o olhar crítico se repitam!

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Análise: A Revolução dos Bichos, a necessidade de ler em tempos atuais


Minha colcha de cama está sendo um ótimo fundo para cenário kkkk

Primeira leitura do ano concluída com muito sucesso, começamos o ano com um olhar bem reflexivo sobre a sociedade, mas acredito ser primordial para o momento que estamos vivendo. Primeiramente é preciso dizer, não é uma leitura fácil por ser chocante demais com a realidade, porém é completamente precisa para a vida, uma literatura fundamental.
Eu já havia lido este livro na escola por volta dos meus catorze/ quinze anos, mas achei fundamental ler outra vez para captar aquilo que não havia sido entendido anteriormente ou ter uma nova visão a partir da segunda leitura, como George Orwell está na minha lista de autores ingleses fundamentais para se ler, não achei melhor oportunidade e aqui estamos.

O enredo basicamente conta a história de um grupo de animais que, cansados das explorações causadas pelo seu sono e fomentados pelas palavras de um ancião da fazenda, organizam uma rebelião e tomam a fazendo para si a fim de terem liberdade, instituindo um novo sistema igualitário e de cooperação, denominado Animalismo. Esta sociedade consistia em certos mandamentos que colocavam os animais em uma posição de aversão ao ser humano devido toda a exploração que sofreram ao longo da vida, além disso, fornecia direitos iguais a todos os animais e garantia suas liberdades, temos como exemplo o último mandamento no Animalismo que consistia em dizer “Todos os animais são iguais”. Todavia, aos poucos, os animais mais inteligentes que no caso eram os porcos, começaram a usufruir de privilégios, restituindo os direitos dos outros e logo implantando um sistema de tirania cujo era movido pela total opressão, silenciosamente os direitos dos outros animais foram tirados e os mandamentos modificados, como por exemplo “Todos os animais são iguais, mais uns são mais iguais que os outros”.

Contudo, é necessário nos situarmos do contexto no qual esta obra foi escrita e tudo que ela representa. Claramente, vemos o enredo como uma alegoria a Revolução Russa e a ditadura stalinista que ali se instalou pós revolução. Vemos na figura do ancião, o porco Major, uma figura das teorias que fomentaram a revolução como o Marxismo e o Comunismo, temos Major como a figura de Lenin enquanto os dois outros porcos que o substituíram após sua morte, temos a visão de Trotsky e Stalin, o porco Bola de neve, mais preocupado com a sociedade, muito mais próximo ao povo e que drasticamente é estigmatizado como vilão a ponto de ter que fugir da perseguição poderia simbolizar Trotsky, enquanto Stalin é visto na figura do porco Napoleão, que já tinha maior conhecimento do poderio militar, muito mais enérgico e que aos poucos foi instalando um sistema tirano em cima do que já havia sido posto. Quanto aos animais, vemos a figura do povo que apoiou o sistema com o sonho de ter melhorias e voltou novamente ser escravizado, o desejo de melhoria e liberdade nunca foi completamente ocorrido uma vez que novamente foram perdidos os direitos além de serem os que mais sofreram durante tal regime.

Mesmo com o fim do regime comunista, ainda este livro se faz muito necessário aos dias de hoje além de trazer discussões sobre nosso mundo atual, é preciso enxergar que em qualquer ideologia política, ou qualquer regime, haverá sempre aqueles que serão privilegiados e aqueles que mais serão afetados com a tirania. Atualmente estamos passando por um ano de começo de mandato presidencial e que está gerando muitas críticas e incertezas no país, é necessário sabermos em qual lado estarmos, daqueles que aceitam as mudanças sem questionamento ou aqueles que enxergam e opinam sobre os rumos que o país levará. Uma dica, aqueles que não questionam e relevam os fatos, são os primeiros a serem silenciados.

“De certa maneira, era como se a granja tivesse ficado rica sem que nenhum animal houvesse enriquecido – exceto, é claro, os porcos. ” (Pág. 102).

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Análise: Cem anos de solidão




“Ninguém deve conhecer a sua mensagem enquanto não se passarem cem anos” (Pág. 180).

Primeiro dia do ano, primeira postagem do ano no blog, primeira análise do ano... não podia ser algo menos especial do que esta obra magnífica! E essa análise se torna especial pois o ano inteiro quis ler este livro, mas sempre não me apareceu uma boa oportunidade e ao acabar de ler a última página, no último dia do ano, um sentimento de satisfação me alimentou, terminei o ano com uma leitura maravilhosa!

É difícil escrever sobre esta história pois ela possui inúmeros arcos e fatos que nos deixa um pouco perdido ao tentar procurar onde começar, mas basicamente somos apresentados durante cem anos à família Buendía, que, ao decorrer desses anos é fundada, atinge uma ascensão e no final, começa a ruir em uma profunda queda, como um grande clã sul-americano.

Quando Gabriel Garcia Marquez escreveu a árvore genealógica da família Buendía, ele também escreveu a história da América Latina, cheia de sonhos, aspirações, guerras e solidão, o que faz desta obra uma das mais importantes da atualidade. Com um estilo próprio e único, o autor nos tele transporta para um universo fantástico que nos faz rir, emocionar, temer, uma junção perfeita de tantos elementos que faz o livro ser fabuloso. Gabriel Garcia Marquez traz o realismo mágico ao nosso conhecimento que traz a peculiaridade que vemos apenas nesse livro, é inexplicável tudo que este livro representa na verdade.

Não vou me atentar muito ao enredo porque além de ter muitos acontecimentos, acredito que seria melhor que uma leitura completa da história seja feita sem contar muitos acontecimentos, para que as surpresas sejam mais genuínas, mas para não perder o costume, vou contar basicamente o começo da narrativa, com a vinda de viajantes para a fundação da aldeia de Macondo, e um dos fundadores foi o primeiro José Arcadio Buendía, um homem sonhador e cheio de ambições, junto de Úrsula, sua esposa, tornam-se os patriarcas da família que através de geração a geração não se mostram esquecidos, uma vez que sempre os nomes retornam ao batizarem os novos Buendías. A história vai relatando as gerações com seus sucessos e infortúnios até o relato do último Buendía, que decifra o pergaminho de Melquíades, o alquimista amigo da família, cujo havia profetizado toda a história da família Buendía até aquele presente momento, encerrando assim um ciclo de uma história heroica, bela e trágica daquela família única e irreverente.

Mas é claro que alguns fatos da história precisam ser destacados nesta análise, menções honrosas para o Coronel Aureliano Buendía, um líder militar que não venceu nenhuma batalha, mas fez história, sempre escapando da morte até o momento de recebe-la serenamente, é incrível ver os altos e baixos deste personagem. Outro fato importante de comentar é a chuva, durante quatro anos, onze meses e dois dias chovem em Macondo sem parar e isso influenciou muito a vida dos personagens da história, e já que estamos falando sobre isso, a literatura de “Cem anos de solidão” tem como elemento o realismo mágico, então algumas condições sobrepõem-se a realidade e faz o livro ser muito mais magnífico como por exemplo a morte de José Arcádio Buendía, no momento de sua morte choveu flores amarelas, é intrigante pois não sabemos se trata de uma alegoria ou se realmente aconteceu naquela realidade, mas o que realmente importa no caso é que encanta o leitor.

“... viram pela janela que estava caindo uma chuvinha minúscula de flores amarela. Caíram por toda a noite sobre o povoado, numa tempestade silenciosa, e cobriram os tetos e taparam as portas, e sufocaram os animais que dormiram ao relento. Tantas flores caíram do céu que as ruas amanheceram atapetadas por uma colcha compacta, e eles tiveram eu abrir caminho com pás e ancinhos para que o enterro pudesse passar. ” (Pág. 138).

Outro ponto que eu não poso deixar de comentar é de um personagem em especial, que para mim, é sem dúvidas a melhor personagem de todo o livro e responsável pela prosperidade dos Buendía, ela, a matriarca da família, Úrsula Buendía. A figura da mulher é exaltada a partir dela como uma figura austera e líder, que se manteve forte em todos os momentos de sua vida, com as loucuras do marido, a perda e desventuras de seus filhos e netos, e mesmo quando a idade avançada chegou a seu corpo, se manteve determinada e forte. Úrsula Buendía é um exemplo de resistência e coragem e para mim, a líder de todo o clã Buendía, a melhor personagem escrita por Gabriel Garcia Marquez, nunca irei me esquecer dela.

“Nós vamos nos transformar em cinzas nessa casa sem homens, mas não vamos dar a este povo o gosto de nos ver chorar. ” (Pág. 172).

Para finalizar, “Cem anos de solidão” não é apenas uma obra única, mas também é universal e tão universal que és, torna-se pessoal para aqueles que o lê, pois aborda o mundo e também o nosso mundo particular e sem dúvidas uma das maiores obras de todos os tempos da literatura mundial, uma obra que é indispensável a leitura, muito obrigada 2018 por me proporcionar esta última leitura e que 2019 possam aparecer mais sensações assim com os novos livros que virão.

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.