domingo, 6 de janeiro de 2019

Análise: A Revolução dos Bichos, a necessidade de ler em tempos atuais


Minha colcha de cama está sendo um ótimo fundo para cenário kkkk

Primeira leitura do ano concluída com muito sucesso, começamos o ano com um olhar bem reflexivo sobre a sociedade, mas acredito ser primordial para o momento que estamos vivendo. Primeiramente é preciso dizer, não é uma leitura fácil por ser chocante demais com a realidade, porém é completamente precisa para a vida, uma literatura fundamental.
Eu já havia lido este livro na escola por volta dos meus catorze/ quinze anos, mas achei fundamental ler outra vez para captar aquilo que não havia sido entendido anteriormente ou ter uma nova visão a partir da segunda leitura, como George Orwell está na minha lista de autores ingleses fundamentais para se ler, não achei melhor oportunidade e aqui estamos.

O enredo basicamente conta a história de um grupo de animais que, cansados das explorações causadas pelo seu sono e fomentados pelas palavras de um ancião da fazenda, organizam uma rebelião e tomam a fazendo para si a fim de terem liberdade, instituindo um novo sistema igualitário e de cooperação, denominado Animalismo. Esta sociedade consistia em certos mandamentos que colocavam os animais em uma posição de aversão ao ser humano devido toda a exploração que sofreram ao longo da vida, além disso, fornecia direitos iguais a todos os animais e garantia suas liberdades, temos como exemplo o último mandamento no Animalismo que consistia em dizer “Todos os animais são iguais”. Todavia, aos poucos, os animais mais inteligentes que no caso eram os porcos, começaram a usufruir de privilégios, restituindo os direitos dos outros e logo implantando um sistema de tirania cujo era movido pela total opressão, silenciosamente os direitos dos outros animais foram tirados e os mandamentos modificados, como por exemplo “Todos os animais são iguais, mais uns são mais iguais que os outros”.

Contudo, é necessário nos situarmos do contexto no qual esta obra foi escrita e tudo que ela representa. Claramente, vemos o enredo como uma alegoria a Revolução Russa e a ditadura stalinista que ali se instalou pós revolução. Vemos na figura do ancião, o porco Major, uma figura das teorias que fomentaram a revolução como o Marxismo e o Comunismo, temos Major como a figura de Lenin enquanto os dois outros porcos que o substituíram após sua morte, temos a visão de Trotsky e Stalin, o porco Bola de neve, mais preocupado com a sociedade, muito mais próximo ao povo e que drasticamente é estigmatizado como vilão a ponto de ter que fugir da perseguição poderia simbolizar Trotsky, enquanto Stalin é visto na figura do porco Napoleão, que já tinha maior conhecimento do poderio militar, muito mais enérgico e que aos poucos foi instalando um sistema tirano em cima do que já havia sido posto. Quanto aos animais, vemos a figura do povo que apoiou o sistema com o sonho de ter melhorias e voltou novamente ser escravizado, o desejo de melhoria e liberdade nunca foi completamente ocorrido uma vez que novamente foram perdidos os direitos além de serem os que mais sofreram durante tal regime.

Mesmo com o fim do regime comunista, ainda este livro se faz muito necessário aos dias de hoje além de trazer discussões sobre nosso mundo atual, é preciso enxergar que em qualquer ideologia política, ou qualquer regime, haverá sempre aqueles que serão privilegiados e aqueles que mais serão afetados com a tirania. Atualmente estamos passando por um ano de começo de mandato presidencial e que está gerando muitas críticas e incertezas no país, é necessário sabermos em qual lado estarmos, daqueles que aceitam as mudanças sem questionamento ou aqueles que enxergam e opinam sobre os rumos que o país levará. Uma dica, aqueles que não questionam e relevam os fatos, são os primeiros a serem silenciados.

“De certa maneira, era como se a granja tivesse ficado rica sem que nenhum animal houvesse enriquecido – exceto, é claro, os porcos. ” (Pág. 102).

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

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