terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Análise: Cem anos de solidão




“Ninguém deve conhecer a sua mensagem enquanto não se passarem cem anos” (Pág. 180).

Primeiro dia do ano, primeira postagem do ano no blog, primeira análise do ano... não podia ser algo menos especial do que esta obra magnífica! E essa análise se torna especial pois o ano inteiro quis ler este livro, mas sempre não me apareceu uma boa oportunidade e ao acabar de ler a última página, no último dia do ano, um sentimento de satisfação me alimentou, terminei o ano com uma leitura maravilhosa!

É difícil escrever sobre esta história pois ela possui inúmeros arcos e fatos que nos deixa um pouco perdido ao tentar procurar onde começar, mas basicamente somos apresentados durante cem anos à família Buendía, que, ao decorrer desses anos é fundada, atinge uma ascensão e no final, começa a ruir em uma profunda queda, como um grande clã sul-americano.

Quando Gabriel Garcia Marquez escreveu a árvore genealógica da família Buendía, ele também escreveu a história da América Latina, cheia de sonhos, aspirações, guerras e solidão, o que faz desta obra uma das mais importantes da atualidade. Com um estilo próprio e único, o autor nos tele transporta para um universo fantástico que nos faz rir, emocionar, temer, uma junção perfeita de tantos elementos que faz o livro ser fabuloso. Gabriel Garcia Marquez traz o realismo mágico ao nosso conhecimento que traz a peculiaridade que vemos apenas nesse livro, é inexplicável tudo que este livro representa na verdade.

Não vou me atentar muito ao enredo porque além de ter muitos acontecimentos, acredito que seria melhor que uma leitura completa da história seja feita sem contar muitos acontecimentos, para que as surpresas sejam mais genuínas, mas para não perder o costume, vou contar basicamente o começo da narrativa, com a vinda de viajantes para a fundação da aldeia de Macondo, e um dos fundadores foi o primeiro José Arcadio Buendía, um homem sonhador e cheio de ambições, junto de Úrsula, sua esposa, tornam-se os patriarcas da família que através de geração a geração não se mostram esquecidos, uma vez que sempre os nomes retornam ao batizarem os novos Buendías. A história vai relatando as gerações com seus sucessos e infortúnios até o relato do último Buendía, que decifra o pergaminho de Melquíades, o alquimista amigo da família, cujo havia profetizado toda a história da família Buendía até aquele presente momento, encerrando assim um ciclo de uma história heroica, bela e trágica daquela família única e irreverente.

Mas é claro que alguns fatos da história precisam ser destacados nesta análise, menções honrosas para o Coronel Aureliano Buendía, um líder militar que não venceu nenhuma batalha, mas fez história, sempre escapando da morte até o momento de recebe-la serenamente, é incrível ver os altos e baixos deste personagem. Outro fato importante de comentar é a chuva, durante quatro anos, onze meses e dois dias chovem em Macondo sem parar e isso influenciou muito a vida dos personagens da história, e já que estamos falando sobre isso, a literatura de “Cem anos de solidão” tem como elemento o realismo mágico, então algumas condições sobrepõem-se a realidade e faz o livro ser muito mais magnífico como por exemplo a morte de José Arcádio Buendía, no momento de sua morte choveu flores amarelas, é intrigante pois não sabemos se trata de uma alegoria ou se realmente aconteceu naquela realidade, mas o que realmente importa no caso é que encanta o leitor.

“... viram pela janela que estava caindo uma chuvinha minúscula de flores amarela. Caíram por toda a noite sobre o povoado, numa tempestade silenciosa, e cobriram os tetos e taparam as portas, e sufocaram os animais que dormiram ao relento. Tantas flores caíram do céu que as ruas amanheceram atapetadas por uma colcha compacta, e eles tiveram eu abrir caminho com pás e ancinhos para que o enterro pudesse passar. ” (Pág. 138).

Outro ponto que eu não poso deixar de comentar é de um personagem em especial, que para mim, é sem dúvidas a melhor personagem de todo o livro e responsável pela prosperidade dos Buendía, ela, a matriarca da família, Úrsula Buendía. A figura da mulher é exaltada a partir dela como uma figura austera e líder, que se manteve forte em todos os momentos de sua vida, com as loucuras do marido, a perda e desventuras de seus filhos e netos, e mesmo quando a idade avançada chegou a seu corpo, se manteve determinada e forte. Úrsula Buendía é um exemplo de resistência e coragem e para mim, a líder de todo o clã Buendía, a melhor personagem escrita por Gabriel Garcia Marquez, nunca irei me esquecer dela.

“Nós vamos nos transformar em cinzas nessa casa sem homens, mas não vamos dar a este povo o gosto de nos ver chorar. ” (Pág. 172).

Para finalizar, “Cem anos de solidão” não é apenas uma obra única, mas também é universal e tão universal que és, torna-se pessoal para aqueles que o lê, pois aborda o mundo e também o nosso mundo particular e sem dúvidas uma das maiores obras de todos os tempos da literatura mundial, uma obra que é indispensável a leitura, muito obrigada 2018 por me proporcionar esta última leitura e que 2019 possam aparecer mais sensações assim com os novos livros que virão.

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

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