domingo, 29 de julho de 2018

Análise: A Insustentável Leveza do Ser

foto retirada do meu Instagram 


Com muita paixão começo a escrever sobre esta obra que, sinceramente, não há palavras para descrever tudo que senti ao ler este livro. Foram um dos melhores livros que eu já li.

Vou dividir a análise em dois planos para que nada seja esquecido, é difícil definir um caminho para a análise uma vez que o romance não tem um enredo em si. A narrativa não é linear e temos vários pontos de vista sobre um mesmo acontecimento, também temos várias vezes a retomada de assuntos e momentos que já foram narrados anteriormente. Tudo isso ocorre, pois acredito que o autor (Milan Kundera) quis colocar o grande tema deste romance na estrutura dele, o tema do romance é pautado no princípio do “Eterno Retorno” de Nietzsche. Sendo breve, o eterno retorno define basicamente a vida como um inexorável ciclo de repetições, ou seja, fatos do passado serão repetidos no presente e também no futuro como forma natural do ser humano.

O romance retrata a vida de quatro personagens que estão ligados entre si, a relação deles se torna um eixo temático do romance. O primeiro é Tomás, um médico bem-sucedido e desprendido da vida, após seu divórcio ele embarca em inúmeras relações superficiais e rápidas, digamos que ele é um típico mulherengo. Outra personagem é Tereza, um dos romances fugazes de Tomás que, se transformou em um amor louco. Tereza é uma moça sem muitos rumos e vê em Tomás um futuro, mesmo que isso a faça sofrer devido as relações amorosas que ele ainda mantinha, Tereza é uma personagem dependente. Uma personagem que, ao contrário de Tomás e Tereza que possuem uma carga muito pesada na história, é completamente leve e sutil Sabina, uma artista plástica com ideias e valores mais independente e que por um momento também foi amante de Tomás, mas ao decorrer da história, somos também apresentados a Franz, um acadêmico casado e com uma vida medíocre.

Então, temos a relação destes casais estampadas no romance. Tomás e Tereza, com sua relação de amor e dependência, Tomás e Sabina com sua relação mais libertina e Sabina e Franz com uma relação adulterina em busca de encontrar uma leveza. Na obra, muitos momentos se contrastam entre a leveza e o peso, volto a repetir que o autor trabalhou com o conceito além do tema, na forma.

Outra parte que é muito importante destacar é o contexto histórico que o romance se insere. Estamos falando da Primavera de Praga, em 1968, que foi um período de reformas na Tchecoslováquia, durante a época de ocupação soviética. É muito interessante ver como este contexto reflete na vida dos personagens de forma direta e indireta. Um exemplo é o artigo que Tomás escreve comparando os intelectuais tchecos e o momento que eles viviam com a tragédia de "Édipo, o rei".

Agora preciso colocar minhas impressões em texto. Foi uma leitura maravilhosa! Ela é fluída, pois a narrativa é envolvente, as retomadas de assunto passavam como um filme em minha cabeça e as palavras que ali foram escritas com certeza cabiam na minha realidade e fui me identificando com algumas ações dos personagens – principalmente com Sabina - nunca coloquei tantos marcadores em um livro como coloquei neste, acredito que logo lerei outra vez, porque será preciso reler e se ver no romance. Quero destacar um trecho da terceira parte do livro que define um pequeno léxico de palavras incompreendidas pelo ponto de vista de dois personagens, Sabina e Franz.

“Para Sabina, viver significa ver. A visão é limitada por uma dupla fronteira: a luz intensa que cega e a escuridão total. Talvez seja daí que vem sua repugnância por todo extremismo. Os extremos delimitam a fronteira para além da qual a vida termina, e a paixão pelo extremismo, em arte como em política, é um desejo de morte disfarçado. ” (Pág. 100)

É sutil, é mordaz, é leve e aos mesmo tempo é muito pesado, na verdade é humano. Por isso é tão necessário e tão maravilhoso. É isto.

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Vamos comprar flores com Mrs. Dalloway



“Mrs. Dalloway disse que ela mesma iria comprar as flores. ” (Pág. 23)

Meu primeiro objetivo de leitura das férias foi concluído com muito louvor! Mais uma vez, Virginia Woolf não me decepcionou, acredito que esta foi a obra mais magnífica dela e como eu havia lido outros romances, não foi uma leitura complicada, na verdade me senti muito familiarizada com a linguagem.

A história trata de um tema bem corriqueiro. Clarissa Dalloway, uma mulher inglesa de classe média, estava preparando uma festa que daria naquele dia, pela manhã decidiu comprar flores e então temos o percurso de Mrs. Dalloway narrado e todos aqueles que passaram por ela.

Em suma, parece um enredo muito comum, mas a forma que ele é escrito que o faz tão grandioso. Ao acompanharmos Mrs. Dalloway a sua compra, entramos profundamente no inconsciente dos personagens no romance, através do artifício literário do fluxo de consciência feito pela autora. O diferencial desta obra está na linguagem, uma vez que todos os personagens são muito bem aprofundados e em Mrs. Dalloway o discurso se torna indireto e livre, ou seja, não sabemos se há um narrador ou um personagem narrando a história, a combinação de tudo isso, junto ao uso do fluxo de consciência, faz com que aja um envolvimento na leitura. Logo, a obra se torna maravilhosa!

Agora vamos falar de Clarissa Dalloway, uma mulher de meia idade, casada com um homem que lhe proporcionou uma grande segurança no ponto de vista social, econômico, etc. Ao ir comprar flores, Clarissa reencontra um personagem muito importante para o desenvolvimento da história, Peter Walsh, um antigo amor de Clarissa que pode ter sido o grande amor de sua vida, todavia Peter não trazia a segurança que ela precisava, mas este reencontro a colocou em reflexão sobre suas escolhas na vida. Também é bom frisar que estes questionamentos se estendem em Peter também, vemos dois personagens separados pelas suas escolhas que pareceram mais sensatas. Clarissa muitas vezes se autocritica ao dizer que ela buscava uma racionalidade e sua essência foi perdida no decorrer do tempo. Podemos ver que não sabemos seu nome de solteira, apenas Mrs. Dalloway, como uma forma de dizer que Clarissa foi perdendo sua identidade. Então temos uma mulher com o peso das suas escolhas sendo colocados a prova em apenas uma tarde, talvez Virginia queria mostrar em Clarissa uma reflexão sobre os caminhos que tomamos que na verdade não eram aqueles que realmente queríamos, colocar a razão na frente da emoção e no final vermos que somos comuns.

Quero destacar uma cena do final do romance (sem spoilers) onde Peter Walsh e Sally Seton - uma mulher que mais jovem despertou a paixão de Clarissa – reparem em como o tempo fez eles mudarem, as convenções sociais, o conforto entre outras coisas, fizeram todos eles se tornarem o que na juventude eles tanto criticavam. Em vários momentos me peguei a pensar sobre minhas atitudes e é nítida a tentativa da autora em fazer seu leitor se identificar com o enredo da história.

“(...) ‘o que importa o cérebro’ disse Lady Rossester ‘quando comparado ao coração? ’

‘Também vou’, disse Peter, mas permaneceu sentado um pouco mais. Que terror é este? Que exaltação é essa? Pensou consigo mesmo. O que é essa exaltação extraordinária que toma conta de mim?

É Clarissa, ele disse. Pois ali estava ela. ” (Pág. 228)


Outro personagem que não pode deixar de ser citado é o Septimus Smith, um personagem que se liga a Clarissa de uma forma indireta. Os dois personagens se comportam como uma forma de “duplo” (personagens que refletem o outro em um enredo), enquanto Clarissa reflete um lado racional e mais polido, Septimus é completamente ligado a emoção e a ao delírio. No momento que os dois personagens se cruzam, descobrimos que Septimus estava seguindo para uma consulta com o psiquiatra. Um homem atormentado pelos fantasmas da Guerra e que está tendo delírios e tendências suicidas, assim que Septimus é descrito no romance, em contraste com Mrs. Dalloway. Na minha opinião, não consigo dissociar estes dois personagens com a personalidade da própria Virginia Woolf, talvez ambos sejam projeções dos seus estados de espírito e esta discussão me daria mais e mais palavras para serem escritas por aqui.

Agora saindo da esfera técnica e entrando na esfera pessoal, em muitos momentos me identifiquei e me emocionei com os diálogos dos personagens, como eles pensavam sobre a própria vida e até mesmo fui pega me questionando sobre o futuro que procuro na minha vida – eu sei, ainda sou muito nova para ficar pensando tanto nisso, mas é preciso pensar. – Acredito que no final, nos tornamos Mrs. Dalloway e esta convenção pode nos transformar em Septimus. Acho que isto faz Mrs. Dalloway ser tão maravilhoso, na verdade não existe palavras para descrever quanto esta história é incrível, ele é pessoal e nos toca de uma forma muito íntima e única, somos tomados por um sentimento de envolvimento que faz o livro ser pequeno, a leitura passa logo e acabamos com um suspiro de satisfação, como foi bom ir comprar flores junto com Mrs. Dalloway.


Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Análise: On The Road, se perder para se encontrar (CBC)



E mais uma vez, meu desafio literário me leva a ler mais um clássico da literatura norte-americana. Agora, Jack Kerouac e seu tão famoso livro “On The Road”. Acredito que de todos os livros citados, este foi um nome muito marcante para mim, é difícil dizer que esta obra é mais importante, pois na lista de doze livros temos Shakespeare, Fitzgerald e Harper Lee, mas era um nome que eu já conhecia e tinha muita vontade de ler.

Está sendo difícil começar minha análise, pois este livro não carrega apenas palavras diferenciadas. Esta obra carrega uma geração inteira, completamente modificada e nova que apareceu naquela época, este livro é uma vanguarda, um clássico, algo que vai se estender pelos tempos como uma referência, mesmo em um tempo de novos valores. On The Road foi a bíblia para a “Geração Beat” que apareceu no final da década de 1950 que inspirou muitos movimentos jovens posteriormente, neste caso, vemos as primeiras manifestações jovens sobre seus futuros e os questionamentos destes.

Vamos a história... temos uma estrutura de narrador mais como um observador do que um protagonista em si, não consigo ver Sal Paradise como um protagonista do romance. Sal é um estudante que começa a se aventurar no mundo da escrita, em busca de inspiração do seu romance, ele decide embarcar junto de seu grande amigo, Dean Moriarty – o verdadeiro protagonista da história – pelos Estados Unidos. Assim começa a primeira viagem da dupla de amigos.

Somos levados no banco de trás de um carro sobre as estradas americanas, juntos, percorremos montanhas e desertos, corremos junto dos rios e campos, conhecemos cidades e pessoas pitorescas que vão influenciando cada vez mais a história e a fazendo ser mais marcante. A forma como o autor descreve cada momento é muito minuciosa, somos apresentados a cada detalhe das paisagens ou das pessoas que Dean e Sal conheciam. É um artificio de escrita lindo, mas havia momentos bem cansativos na leitura.

A aventura não se limita apenas a viagem, ela se estende a mente desse personagem bem peculiar que é Dean Moriarty. Um jovem cheio de indecisões, cheio de desejos e completamente em dúvida sobre seu futuro, sendo necessário fazer a viagem para se perder em busca de se encontrar. Esta aura reflete diretamente em Sal uma vez que ele vê uma enorme admiração por Dean e até mesmo, uma forma de inspiração para seguir em frente. Por isso a viagem é tão necessária, aqueles jovens buscam um sentido para a vida, o futuro é muito incerto e tedioso e viver este presente insólito se torna a fuga mais eficaz para aquele momento.

Na minha humilde opinião, quem sou eu para julgar, eu reconheço a referência e a carga cultural que este livro carrega, não se pode negar o quão este livro foi importante para uma geração e como ainda ele pode comover jovens. Todavia, isso não ocorreu comigo. Eu achei a obra muito diferente e interessante, mas faltou algo nela que ainda não sei bem explicar o que, talvez não tenha me atraído tanta a atenção ou não tenha ocorrido uma certa identificação que com muitos acontece ao ler On The Road, mas não dá para negar, este livro deu novas reflexões na sua época, não deixa de ser genial.


Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Leituras do Semestre (em geral)






Desde março não faço post sobre minhas leituras do mês, então decidi unir todos esses meses e colocar tudo na lista de livro que li durante este semestre que chega no fim (finalmente!). Estou orgulhosa de ter lido bastante e não ter me atentado em ler apenas o que a faculdade estava propondo como leitura, pude perceber que meu hábito está se desenvolvendo, além disso ocorreu uma variedade das obras, mostrando que não leio apenas um tipo de livro, posso ser diversa.

Vamos aos livros e as notas!
  • Livro 1: O Conto da Aia (Margaret Atwood)

Esta autora é genial e tudo que ela representa também é, todavia, como eu já havia dito anteriormente, não atendeu todas as minhas expectativas e não é a melhor obra dela, mesmo tendo uma premissa incrível.

Nota: 3.8
  • Livro 2: Lolita (Vladmir Nabokov)

É um livro doentio! Não apenas pelo que se trata, mas como ele também é escrito e como tudo se une e te prende completamente na leitura, é fantástico e deve ser lido, porque é uma experiência única.

Nota: 4.6
  • Livro 3: O Estrangeiro (Albert Camus)

Se Lolita foi uma leitura incrível, “O Estrangeiro” não fica para atrás. É extasiante ler os poucos capítulos e ter inúmeras reflexões sobre cada detalhe que a obra aborda.

Nota: 4.5
  • Livro 4: Memórias de um Sargento de Milícias (Manuel A. de Almeida)

Temos uma leitura obrigatória da faculdade, na verdade foi uma releitura, eu já havia lido no colegial, mas dessa vez consegui capturar o que esta obra tem de tão especial, o humor diferente e o contexto novo.

Nota: 3.9
  • Livro 5: O Grande Gatsby (F. Scott Fitzgerald)

Um clássico é um clássico! E o que faz esse livro ser tão bom é como a sociedade foi tão bem retratada e de uma forma de crítica suave, problemas de gente branca e rica (kkkk).

Nota: 4
  • Livro 6: A Letra Escarlate (Nathaniel Hawthorne)

Um livro difícil de ser lido, períodos longos e uma história densa, mas que é de uma forma muito envolvente e fascinante, eu gostei muito de ter lido este livro, mesmo com todo o esforço foi válido. A estética desse livro é fenomenal!

Nota: 4
  • Livro 7: As Ondas (Virginia Woolf)

Não tem o que falar! Quando eu não gosto das obras de Virginia? Este livro é incrível e tudo que nele é retratado se vale para nossas discussões pessoais e inúmeras vezes me vi identificando-me com algum personagem ou pelo que ele estava sentindo no momento. Não podemos deixar de falar da forma que a obra é escrita, tão singela e lírica.

Nota: 4.5
  • Livro 8: Folhas de Relva (Walt Whitman)

De todos os livros lidos, apenas esse trata-se de poesia, mas que livro! Não tem muito o que se dizer dele, ele transcende o papel e os versos, ele transcende a nossa alma!

Nota: 5, se pudesse dar valor maior, eu daria com louvor!

  • Livro 9: A maçã Envenenada (Michel Laub)

Um livro moderno, eletrizante e que se harmoniza com as músicas do Nirvana, não tem como dar errado, foi incrível ler esta obra e foi preciso, pois me tirou da zona de conforto que eu havia criado sobre minhas leituras.

Notas: 3.9

  • Livro 10: Um Teto Todo Seu (Virginia Woolf)

E para finalizar nada mais do que esta autora maravilhosa mais uma vez me encantando com a forma que escreve e tudo que ela aborda em sua obra, este livro me fez questionar inúmeros pontos e ter uma reflexão sobre como é ser mulher no ambiente da literatura.

Nota: 5

Estes foram os livros lidos no semestre, enfim poderei ter um descanso na faculdade, mas planejo continuar lendo nas férias. Minha meta para esse período de recesso é ler apenas dois livros, os outros que conseguir ler será lucro, a meta das férias é ler Mrs. Dalloway (Virginia Woolf) e A Insustentável Leveza do Ser (Milan Kundera), então aguardem as análises em breve. Por ora isso é tudo, posso dizer que mais um semestre se foi.

Com carinho, Malu, a Traça de Livros.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Análise: Um Teto Todo Seu, um ensaio sobre ser escritora



E mais uma vez eu trago Virginia Woolf para o blog, mas dessa vez, Virginia veio de uma forma mais mordaz, mais reflexiva, não deixando de ser inesquecível.

Na década de 1920, Virginia Woolf – já uma autora de renome -  foi convidada a ministrar palestras sobre “mulheres e a ficção” em duas universidades inglesas, então, temos em “Um Teto Todo Seu” a reunião de seis ensaios da autora sobre este tema que ela teve que se debruçar, o papel da mulher na ficção. Todavia, a abordagem que ela opta é completamente diferente.

Durante os seis ensaios, Virginia frisa na ideia de que para a mulher obter sucesso na escrita literária ela precisa disponibilizar de uma certa quantia de libras e um teto que seja seu. Ou seja, ela precisa ser independente do círculo social que lhe é imposto através dos valores vividos da época, então vemos a autora discutindo diretamente a posição da mulher na sociedade.

Podia-se muito bem apenas ser abordados livros belos e sublimes cujo mulheres fazem parte e dizer quanta genialidade ali possuía, mas Virginia Woolf não queria trazer isso, outro caminho foi percorrido, o caminho da reflexão. A autora de forma única cria um ambiente narrativo para tratar de um discurso direto, tudo isso combinado com o fazer único de literatura de Virginia Woolf, então podemos ver os fluxos de consciência e a escrita lírica da autora nas palavras do ensaio.

Dois pontos quero destacar nessa obra que foram muito importantes para mim, ambos falam de dois autores canônicos. Primeiramente, Virginia Woolf traz a nome de Shakespeare e tudo que este gênio carrega, todavia, ela faz uma breve reflexão, se Shakespeare tivesse uma irmã tão genial quanto ele, ela obteria o mesmo sucesso? E a resposta a autora mesmo nos fornece, a resposta é não. Não, pois a irmã de Shakespeare, na sua época, foi engolida pelas convenções sociais cujo ela pertencia e muito menos ela poderia ser tão genial quanto o irmão uma vez que nunca teria igual educação que foi oferecida ao escritor. Virginia coloca em questionamento a disparidade da educação entre homens e mulheres e como tantas mulheres foram silenciadas ao longo do tempo.

Outro ponto que quero muito destacar é o fato de Virginia Woolf citar Jane Austen. – este parágrafo será mais pessoal – Jane Austen é minha autora favorita, na verdade gosto de dizer que ela é a autora da minha vida, porém neste blog nunca coloquei um post exclusivo para ela, enquanto para Virginia Woolf será a quarta vez que escrevo e foi muito importante ler como Jane Austen (além de Charlotte Bromte e George Eliot) foi tão especial e única em sua época e como isso mudou a forma da mulher se inserir na literatura. Jane Austen não é apenas chás, bailes e casamentos com homens ricos, Jane Austen trouxe voz a um grupo que não possuía espaço se quer e Virginia Woolf estampa isso em seus ensaios, em como Jane Austen e outras autoras no século XIX foram uma exceção no percurso da literatura e como sempre elas precisam ser lembradas.

A problematização da autora não se conclui, pois ela deixa o questionamento para futuras reflexões, reflexões que transcendem os tempos e hoje em dia nos coloca a pensar como é necessária uma autonomia da mulher não apenas no ambiente literário, mas na vida em geral e em Um Teto Todo Seu, Virginia Woolf traz os desafios de ser uma escritora, mas não apenas isso, ela traz os desafios de ser mulher, por isso que esta obra se torna tão necessária. 

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.