quinta-feira, 29 de março de 2018

Minhas leituras de Março




Março, primeiro mês do semestre e farei agora um balanço das leituras feitas neste mês. Mesmo com a carga da faculdade, achei que foi um saldo positivo em número de leituras, gostaria de manter este ritmo até o fim do semestre, mesmo achando que será bem difícil isso ocorrer.

  •   Livro 1: Vulgo Grace (Margaret Atwood)

Mais uma vez, minha querida Margaret Atwood não me decepcionou, uma história triste, mas também muito sensata e precisa, me levando a vários questionamentos sobre a posição da mulher na sociedade.

Nota: 4.5

  • ·         Livro 2: O Sol é Para Todos (Harper Lee)

É uma leitura fundamental! Emocionante, incrível, não tem adjetivos para descrever o quão fantástico foi ler este livro e agradeço muito ter começado o desafio literário que me inseriu nesta narrativa tão precisa no presente momento. Sem dúvidas entrou na lista de livro que para sempre eu vou amar!

Nota: 5 é pouco!!!!!
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  •         Livro 3: O Banquete (Platão)

Este livro foi o exemplo da leitura acadêmica que se tornou algo prazeroso de se ler, é muito interessante as ideias exprimidas sobre o amor, em destaque o “Mito do Andrógeno” que chamou muito a minha atenção.

Nota: 4
  • ·        Livro 4: Peter Pan (J. M Barrie)

O terceiro livro do CBC, ainda não fiz a análise no blog, mas este livro serviu como uma válvula de escape, ler antes de dormir era algo relaxante. Bem, como um conto de fadas, não é?

Nota: 3.9

Obs. Atualmente estou lendo Lolita (Vladimir Nabokov), então só colocarei nas leituras do próximo mês já que não acabei e agora tem as leituras acadêmicas cujo estou lendo Os Lusíadas (Camões) e Lavoura Arcaica (Raduan Nassar).

Bem, foram esses e que venham mais!!

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

domingo, 25 de março de 2018

Ler por diversão vs. Ler por obrigação

 A moça da foto é a mesma moça a quem vos escreve, a Traça


Todo semestre é aquele problema, será que a faculdade vai comprometer minhas leituras? Agora só lerei por obrigação? Querendo ou não, acaba que a faculdade compromete a atividade de leitura, mas isso é natural, o ócio se torna mais difícil, mas isso não quer dizer que ele não pode aparecer durante o semestre.

Nesse primeiro mês do semestre, percebi que li muito menos do que li nas férias (óbvio), e com isso, notei que ano passado quase não li nenhum livro por diversão e como isso é errado! A faculdade é um ambiente bem hostil, tem altos e baixos e muitas vezes acabamos nos perdendo em trabalhos, leituras ou algo parecido, ainda mais no curso de letras cujo a carga de leitura é bem grande. Sendo assim, é preciso reservar um tempo para você, leitor, ler algo por diversão.

Como tudo nessa vida, é preciso de um equilíbrio, então decidi que esse semestre seria diferente, eu me daria o tempo de ler por obrigação e ler também por diversão. Reservar um momento para contemplar minhas leituras com tranquilidade, desligar o botão “universitária” e ativar o modo “literata”, para que assim eu encontre, de certa forma, um descanso da rotina conturbada.

Também, é possível transformar a leitura acadêmica em uma leitura prazerosa, foi o caso de “O Banquete” de Platão, uma leitura que começou obrigatória para uma certa matéria e que se tornou muito interessante, no final, acabei lendo o livro todo e conciliei o dever com lazer.

Resumindo, não se sobrecarregue. Guarde um tempo para você, é algo terapêutico e que fará uma grande diferença no seu desempenho. Busque sempre o equilíbrio. Existe momentos da vida que pedem para tudo ser desligado e boas páginas serem apreciadas.


Com carinho, Malu, a Traça dos Livros

sexta-feira, 23 de março de 2018

(Análise) Vulgo Grace: a voz das mulheres marginalizadas




Se podemos resumir este livro em uma só palavra, seria “triste”, pois é difícil não se comover e não se indignar com a vida difícil e sofrida da protagonista e todas as personagens femininas deste romance, retratado no Século XIX, mas com diálogos tão recentes.

Baseado em fatos reais, Vulgo Grace dá voz a história de Grace Marks, uma mulher que anteriormente foi acusada e julgada como assassina, todavia não foi executada, mas cumpria prisão perpétua. Depois de anos reclusa, Grace consegue voz através do Dr. Simon Jordan, um médico que tinha a intenção de usá-la como instrumento de pesquisa para um novo tratamento psiquiátrico, por muitos, Grace era considerada louca e a história dela tornou-se interessante para seu sucesso.

Então, temos a narrativa de Grace sobre todos os acontecimentos que antecederam o assassinado de Nancy Montgomery e Sir. Kinnear, Grace os descreve minuciosamente, porém o momento em questão é visto como apagado em sua memória. Grace desde nova possuiu uma vida repleta de mazelas, imigrante da Irlanda, perde sua mãe durante a vinda ao Canadá, começa sua rotina como criada aos treze anos, vivendo em uma família miserável. Grace tem lampejos de alegria ao conhecer Mary Whitney, sua companheira de trabalho, todavia o final de Mary é tão trágico quanto a vida que Grace levava e deprimida, Grace vai trabalhar na casa do Sir. Kinnear cujo tinha Nancy Montgomery como sua governanta.

Ao decorrer da história, a narrativa vai oferecendo momentos de questionamento quanto a sanidade de Grace, tendo ela uma personalidade muito áspera, não é possível saber se realmente ela era louca, sedutora ou assassina e a intensidade dos fatos chegam a chocar não apenas o leitor, mas também seu ouvinte, Dr. Jordan que se vê envolvido cada vez mais pela história que o próprio expos de forma tão invasiva, por momentos é perceptível que ele se envolveu de uma forma tão grande que chegava a ter certo interesse sexual pela prisioneira. Consegui entender a loucura de Jordan, uma vez que os fatos narrados por Grace são perturbadores e sofridos, muitas vezes tive que parar a leitura pois sentia muita pena não apenas dela, mas por todas as mulheres daquela história.

Era nesse ponto que eu queria chegar, o sofrimento daquelas mulheres. Margaret Atwood tece um trabalho fantástico e crítico sobre a posição daquelas mulheres na época, um debate que pode ser levado para os dias atuais tranquilamente. A autora aborda questões como a marginalização da figura feminina e também critica valores da época que punham mulheres em rivalidade umas com as outras e o que isto lhes causavam. Devemos destacar três mulheres desta história: Grace Marks, Mary Whitney e Nancy Montgomery, as vejo quase como uma única personagem, uma alegoria ao sofrimento das mulheres, que tiveram suas vidas banalizadas de inúmeras formas. De todas, (na verdade quase todos os personagens não tiveram finais felizes), Grace foi a única que teve uma redenção e cumpriu de nunca esquecer da memória das mulheres que passaram por sua vida e tiveram fins trágicos, de certa forma, ela se via ligada a elas.

Mais uma vez, Margaret Atwood me surpreendeu com sua escrita crítica e contemporânea, estou me convencendo que ela atualmente é minha autora favorita, talvez porque ela aborda temas que eu procuro em minhas leituras e Vulgo Grace não me decepcionou, eu já havia visto a minissérie do Netflix e agora lendo o romance, me vejo tão encantada quanto. Será o livro e a autora cujo sempre indicarei!



Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Se o sol é para todos, por que o ódio persiste? (CBC)




“ – Chorar por causa de que, sr. Raymond? – Perguntou Dill, querendo se defender.
- Por causa Do inferno pelo qual pessoas fazem outras pessoas passarem sem nem pensar. Por causa do inferno pelo qual os brancos fazem os negros passarem, sem nem se quer pararem para pensar que eles também são gente. ” (Pág. 251)

Esta análise será diferente das anteriores, deixemos o desafio literário um pouco de lado e coloquemos nossos corações em paz e reflexão. 

Tenho em mente que uma leitura não se basta apenas do que está impresso nas páginas, os elementos exteriores também influenciam na leitura e nunca um livro foi tão influenciado com os momentos que meu redor vivia como “O sol é para todos”. Esta obra sempre me chamou a atenção e após começar o desafio literário (CBC) não tinha como adiar o meu encontro com as palavras de Harper Lee. Simplesmente era o momento propício, o momento de reflexão e crítica.

Este blog não pode se ausentar do mundo real e viver apenas em uma fantasia ideal e literária, o social deve estar presente, ainda mais agora, em momentos tão difíceis e duros, onde o ódio persiste estampado descaradamente no rosto das pessoas, ideais tão primitivos e segregacionistas ressurgem e o discurso de preconceito e discriminação torna aparente na sociedade, não dá para ficar de olhos fechados ou mostrar-se indiferente, uma vez que se torna algo inaceitável e perigoso.

“ – Eu também achava isso – ele disse, por fim -, quando tinha sua idade. Se só existe um tipo de gente, por que as pessoas não se entendem? Se são todos iguais, por que se esforçam para desprezar uns aos outros?...” (Pág. 283)

Voltando ao livro, houve inúmeros momentos cujo minhas lágrimas acabaram por me vencerem e era inevitável não pensar no atual contexto brasileiro. Uma mulher, negra, defensora daqueles que não possuem voz foi silenciada por tiros, não foi um atentado a apenas às vítimas, foi um atentado a todos nós! E é mais que necessário nos lembrarmos de Marielle Franco e sua luta diariamente, ela nunca será esquecida e estará presente não apenas nas minhas leituras, mas como também na vida diária, sendo mulher, sendo voz ativa para todas nós.

“ – Tom morreu.
Tia Alexandra colocou as mãos sobre a boca.
- Foi morto a tiros – disse Atticus. ” (Pág. 292)

A história narrada por uma menina de oito anos, Scout, nos faz refletir em que mundo nós vivemos, um mundo que as questões raciais ainda persistem, um mundo que muita injustiça ainda ocorre em todos os lugares. Não estou falando da data da publicação, da época que se contava a história ou atualmente, todavia as questões continuam em nossa sociedade e existe ainda a necessidade de serem discutidas. 

Porém, a postura desta personagem nos faz ainda ter esperança, já que ela está disposta a mudar e não concorda com o que ocorria a sua volta, devemos ter a postura de Scout, devemos sempre tentar ser melhores assim como Atticus Finch, ter os mesmos valores que ele, de ir em busca daqueles que são os inocentes, defender um acusado negro por estupro de uma moça branca, na época que as políticas segregacionistas nos EUA era muito rigorosas, mesmo que isso seja contra todos, mas defender a honra de fazer o trabalho certo. E nunca, nunca perder a esperança pois ainda no mundo existe pessoas como a Scout ou como Atticus, além disso você mesmo pode ser uma delas.

 “ – Foi preciso uma menina de oito anos para fazer eles recobrarem o bom senso, não foi? – Disse Atticus – isso prova que um bando de homens ensandecidos pode ser contido, simplesmente porque eles continuam sendo humanos. Hum, talvez precisássemos de uma força policial formada por crianças...” (Pág. 197)

Por último, eu deixo o título do livro como forma de reflexão, o mesmo sol que brilha sobre a minha cabeça é igual a de todos, pois no final todos somos iguais e este mesmo sol nos alimenta, nos dá vida, então por que o ódio? Em meio a tempos tão frios e escuros, olhemos para o sol e lembremos da luta diária pela igualdade.

#MariellePresente

Com carinho (e muita força), Malu, a Traça dos Livros.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Os tesouros que guardamos conosco


                

Tantos objetos se tornam relíquias em nossos corações, guardamos em um local específico em nossa alma e também guardado a sete chaves dentro de casa, um local seguro onde possa ser conservado, e quando nos deparamos com o mesmo, obtem-se aquele sentimento nostálgico e empoeirado de saudade.

A história que eu vou contar é de uma garotinha de sete anos que um dia, de sua mãe, ganhou um de seus primeiros livros, ela ainda não tinha ideia de que aquelas páginas coloridas seriam capazes de transformar sua vida para sempre. Talvez um conto de fadas, cujo a princesa recebe a fada madrinha que traz a magia para a vida dela, porém um pouco diferente, a garotinha não era uma princesa e sim uma menina comum e sua fada madrinha veio na forma de um homenzinho de terno e chapéu e um pouco excêntrico, a magia eram palavras e tudo estava estampado dentro de páginas daquele lindo e colorido livro. Aquela menina era eu e foi assim que eu conheci a poesia de Fernando Pessoa.

Minha mãe foi a grande realizadora deste encontro fantástico, ela sempre foi muito fã dos versos de Neruda e Pessoa e um dia conseguiu encontrar um exemplar que reunia poemas de Fernando Pessoa voltado para público infantil, eu sabia ler desde os três anos de idade e na época já sabia decorar trechos de livros que liam para mim e, aquele presente veio na melhor hora. Então toda noite, antes de dormir, meu irmão e eu ouvíamos  um poema ou outro e assim isto se tornou uma tradição.

Naquela época tudo era mágico e colorido, feito de ilustrações belas e páginas cheias de vida, igual a infância, mas felizmente eu cresci, e Fernando Pessoa não me deixou mais, assim como os livros. O autor dos belos poemas para Lili se tornou multiverso e com a idade pude conhecer mais sobre sua vida, sua jornada e sua obra, cujo sou uma grade admiradora hoje em dia.

Resgato meu pequeno exemplar no guarda roupa (onde está guardado em um cantinho muito especial) e vejo o quão valioso para mim ele é, minha relíquia, meu tesouro. Dentro de mim, Fernando Pessoa sempre  existirá, em cada página que eu ler, em cada palavra que eu escrever, pois ele é minha fada madrinha, o tesouro que guardarei eternamente junto com o primeiro livro.

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros

Obs. Foto tirada do meu Instagram