sábado, 2 de junho de 2018

O dia que eu sonhei com Virginia Woolf




Sonhos são bizarros, eles têm a capacidade de te fazer refletir sobre tudo que está acontecendo na sua vida ou simplesmente pregar uma peça na sua consciência. Desde o momento que eu acordei, não consigo parar de pensar no meu sonho da noite passada e de tanto estar presente em mim, me vi na obrigação de escrever.

O sonho começou com a visão dos meus passos, usando meus sapatos cor de caramelo, sobre uma ponte, num dia frio de inverno. Andando, encontro uma mulher escorada sobre a ponte, olhando o rio passar, ela era jovem e muito bela e quando me aproximei, ficando ao seu lado, percebi que era Virginia Woolf (a foto que escolhi é bem o que eu vi no sonho mesmo). Ela parecia não notar minha presença, só olhava para o rio passando pela ponte, por uns minutos fico repetindo o mesmo gesto dela, olhar o rio passar até que Virginia se vira para mim, me encara profundamente e diz a seguinte frase:

“You’re not everybody, you are everything.”

Primeiramente, não sei se essa frase está sintaticamente correta, talvez se trate de algo mais poético na frase, só sei que depois disso acordei. Eu sou tudo, mas não sou todo mundo, o que realmente isso quer dizer? Por que Virginia?

Foi simbolismo em cima de simbolismo, naquele momento eu precisava estar naquela ponte, eu precisava refletir sobre eu mesma e o meu valor no mundo. De fato, somos únicos. Não somos como os outros, mas ao mesmo tempo estamos em todos os lugares e deixamos parte de nós em todos os lugares. Quando caminho, cada lugar que eu estive deixei um fragmento de mim e cada pessoa que passou por minha vida deixou sua impressão em mim, assim como eu tenho certeza que deixei nelas. Sempre me atenho na minha singularidade e em como me esforço para não ser levada junto ao rio de mesmices do mundo, mas nunca parei para notar que estou em todas as coisas.

Eu sou o céu que paira sobre minha cabeça, eu sou o chão que piso com passos pesados, eu sou o vento que embaraça meus cabelos e eu sou parte de um mundo que me move dia-a-dia e uma parte de mim também é uma engrenagem no mundo, além de ser essencial, eu só precisava ter consciência disso.

Então tenho a figura de Virginia Woolf. Ainda se mostra algo complexo de se entender, uma vez que não tenho tanto conhecimento da obra dela, mas sei um pouco de sua vida, talvez esse sonho seja um ponto de partida para me aproximar mais das obras dela.

Estar sobre aquela ponte com Virginia Woolf me fez ver como somos vastos e também como somos tão pequenos em relação ao mundo, são tantas metáforas complexas na cabeça, mas ao mesmo tempo entendíveis. Era preciso estar sobre a ponte, vendo o rio passar, só não posso deixar que as pedras dos meus bolsos me afundem nele, eu só preciso continuar caminhando com meus sapatos cor de caramelo.


4 comentários:

  1. Malú, sempre surpreendendo.Adoro te ler..
    Vera Barone

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  2. Que sonho doido! Gostei da sua interpretação.

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  3. Maninha linda... Sua expressão na escrita é linda! Super está no caminho certo!

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    1. Nossa, sister,! Não tenho palavras para agradecer o suficiente!

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