quinta-feira, 7 de junho de 2018

Análise: As Ondas, uma leitura edificante



Após aquele sonho um tanto quanto peculiar, me vi lendo mais uma obra da Virginia Woolf, dessa vez escolhi “As Ondas” e posso dizer que será uma leitura que vou levar para sempre em minha vida. Tive a impressão que após ler o romance inteiro, eu me sentia elevada, as palavras ainda ecoavam na minha mente como ondas calmas na praia.

O livro consiste-se em apresentar monólogos dos seis personagens do romance sobre suas vidas. Todavia, não são apenas palavras ao vento, são significados de vida que trazem à tona grandes temas inerentes ao ser humano como o amor, a morte, a traição, a ganancia, entre outros. Se formos fazer uma análise mais básica, são apenas seis amigos de infância filosofando em lugares aleatórios, talvez nós mesmo com nossos amigos façamos isso também, mas o diferencial é como a autora retrata no romance.

Temos na narrativa de “As Ondas” vestígios de lirismo nas palavras dos personagens, em cada um com sua singularidade, trazendo melancolia, romance, passionalidade, racionalidade e claro, muito lirismo! Talvez esse livro seja o maior traço lírico da Virginia Woolf. Não consigo deixar de relacionar os pontos de vista colocados no romance refletem muito a perspectivas da própria Virginia sobre a vida ou assuntos mundanos.

O modo que a história é redigida é muito especial. A forma que os diálogos são trazidos, junto com o uso do espaço sendo ele muito importante na construção da narrativa é incrível! É sútil e belo, traz calmaria e conforto. As cenas são unidas com os diálogos e reflexões sem uma ordem cronológica muito assídua, de forma que te prende na história de corpo e alma. O espaço não adapta a você, você leitor deve se adequar a ele e entender o que se passa. Não posso deixar de frisar que o primeiro parágrafo é o mais belo e lírico da história.

“O Sol ainda não nascera. Era quase impossível distinguir o céu do mar, mas este apresentava algumas rugas, como se de um pedaço de tecido se tratasse. Aos poucos, à medida que o céu clareava, uma linha escura estendeu-se no horizonte, dividindo o céu e o mar. Então, o tecido cinzento coloriu-se de manchas em movimento, umas sucedendo-se às outras, junto à superfície, perseguindo-se mutuamente, sem parar. ” (Pág.5)

Devo confessar que inúmeras vezes selecionei parágrafos que tocaram meu coração que no final da leitura tinha inúmeros para colocar no post do blog, fiquei em dúvida em qual ser o melhor para selecionar, mas muitas passagens me levavam a refletir sobre minha própria vida e contextos cujo me insiro, mais uma vez voltamos ao meu sonho, talvez era preciso sonhar com ela para eu imergir nessa narrativa edificante de “As Ondas” para compreender todos os meus momentos vividos e seguir em frente com uma nova visão após ler este livro que será levado comigo para sempre. 

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