Após aquele sonho um tanto quanto
peculiar, me vi lendo mais uma obra da Virginia Woolf, dessa vez escolhi “As
Ondas” e posso dizer que será uma leitura que vou levar para sempre em minha
vida. Tive a impressão que após ler o romance inteiro, eu me sentia elevada, as
palavras ainda ecoavam na minha mente como ondas calmas na praia.
O livro consiste-se em apresentar
monólogos dos seis personagens do romance sobre suas vidas. Todavia, não são
apenas palavras ao vento, são significados de vida que trazem à tona grandes
temas inerentes ao ser humano como o amor, a morte, a traição, a ganancia,
entre outros. Se formos fazer uma análise mais básica, são apenas seis amigos
de infância filosofando em lugares aleatórios, talvez nós mesmo com nossos
amigos façamos isso também, mas o diferencial é como a autora retrata no
romance.
Temos na narrativa de “As Ondas” vestígios
de lirismo nas palavras dos personagens, em cada um com sua singularidade,
trazendo melancolia, romance, passionalidade, racionalidade e claro, muito
lirismo! Talvez esse livro seja o maior traço lírico da Virginia Woolf. Não consigo
deixar de relacionar os pontos de vista colocados no romance refletem muito a perspectivas
da própria Virginia sobre a vida ou assuntos mundanos.
O modo que a história é redigida é
muito especial. A forma que os diálogos são trazidos, junto com o uso do espaço
sendo ele muito importante na construção da narrativa é incrível! É sútil e
belo, traz calmaria e conforto. As cenas são unidas com os diálogos e reflexões
sem uma ordem cronológica muito assídua, de forma que te prende na história de
corpo e alma. O espaço não adapta a você, você leitor deve se adequar a ele e
entender o que se passa. Não posso deixar de frisar que o primeiro parágrafo é
o mais belo e lírico da história.
“O Sol ainda não nascera.
Era quase impossível distinguir o céu do mar, mas este apresentava algumas
rugas, como se de um pedaço de tecido se tratasse. Aos poucos, à medida que o
céu clareava, uma linha escura estendeu-se no horizonte, dividindo o céu e o
mar. Então, o tecido cinzento coloriu-se de manchas em movimento, umas
sucedendo-se às outras, junto à superfície, perseguindo-se mutuamente, sem parar.
” (Pág.5)
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