“Eu celebro o eu, num canto de mim
mesmo” pois todos os átomos presentes em meu corpo habitam em um universo
esplendido cujo sou eternamente grata de fazer parte. Uma saudação a vida, por
me permitir ter o dom de escrever e compartilhar a leitura de Walt Whitman,
saúdo a este poeta e saúdo a vida por me dar a chance de no mundo habitar junto
de suas palavras, elas deixaram digitais em mim e percebo que a partir de hoje
o meu mundo não será o mesmo.
Primeiro falarei de como o autor
canta para o amor. O amor é tão pleno para ele tratado como uma forma natural,
amar é como respirar, simplesmente involuntário. É necessário amar, a partir
dele você aprende a viver nesse mundo, uma experiência necessária e válida. Talvez
eu ainda não tenha amado o suficiente para escrever sobre este tema, mas posso
dizer que aceito esta condição e quem sabe um dia terei palavras suficientes
para dizer sobre mim e este sentimento. Deixo este espaço aberto, um intervalo
no meio ao elogio da vida em “Folhas de Relva”, que um dia eu possa dizer que
senti os versos de Whitman em meu coração como forma de amor.
Então vamos falar sobre o espaço, é
inexplicável o tom do poeta ao falar sobre seu país, sobre cada relevo presente
nele, cada particularidade que o faz sentir pertencente a um lugar, ele canta seu
país e chama a todos para se unir a ele e amar seu lugar de origem. A cada
verso que ele fala dos rios, montanhas, desertos eu me via num estado de pertencimento
com meu próprio lugar de origem. Por um momento, eu consegui me transportar
para a grama verde da minha casa, consegui avistar as montanhas de Minas Gerais
e senti o vento frio sobre minha pele, naquele momento eu percebi o quanto
sinto falta de casa, mas que a casa sempre está comigo, portanto eu canto junto
a meu espaço, não importa aonde eu estiver eu sempre estarei voltando para lá.
Pois por que não cantamos sobre o
mundo? Olha que mundo lindo que vivo! Whitman conseguiu trazer algo em mim que
fazia tempo que eu buscava nas páginas, mas que cada vez mais eu perdia, a
alegria de viver neste mundo. Ora, é de conhecimento de todos as mazelas que
nosso mundo carrega e elas não podem ser ignoradas, mas por um momento é
necessário olhar o mundo com uma nova perspectiva, colocar espelhos sobre os
olhos e ampliar a visão para enfim ver o quão magnifico é pertencer a este
imenso mundo, cheio de coisas tão belas, criadas especialmente para nós e que
são uma parte unida a milhares de outras cujo você também pertence, formando um
universo repleto de possibilidades.
É possível ser infinito em um
universo como nosso mundo, de começar algo, desistir e recomeçar, de enxergar a
vida com mil maneiras e se reinventar, se tornar algo novo e de novo ser novo
para que algo novo surja. Neste momento você se eleva e eleva seu mundo a um
patamar que é somente seu. O mundo é seu e ele é feito para cada singularidade
que te pertence, você se adapta ao mundo da mesma forma que ele se une a você,
uma sintonia perfeita entre cosmos, o seu infinito com o infinito do universo.
“A
partir de agora me ordeno liberado de limites imaginários,
Indo
aonde eu queira, meu próprio mestre total e absoluto,
Ouvindo
outros, considerando bem o que dizem,
Parando,
buscando, recebendo, contemplando,
Gentilmente,
mas com vontade inegável, me despindo das amarras que me reteriam
Inalo
grandes porções de espaço,
O
leste e o oeste são meus, e o norte e o sul são meus.
Sou
maior, melhor do que eu pensava,
Não
sabia que eu tinha tanta bondade.
Tudo
parece belo para mim,
Posso
repetir a homens e mulheres
Fizestes
tal bem a mim que eu faria o mesmo a vós,
Alistarei
para mim a vós ao prosseguir,
Me
espalharei entre homens e mulheres a prosseguir,
Lançarei
um ovo deleite e rudeza entre eles,
Quem
me negar não me perturbará,
Quem
me aceitar ele ou ela será abençoado e me abençoará”.
(Canção
da Estrada Aberta, 5, pág. 330)
Quero permitir-me ser verso livre -
como os versos de Walt Whitman - solta no mundo, sem restrições e mesmo assim
completamente lírica, cheia de significados. Permito nesse momento levar suas
palavras até o infinito do meu ser e eternizá-lo para sempre em minha vida, por
hoje em diante eu amo a vida que estou vivendo, independente dos obstáculos existentes,
das alegrias e tristezas, da solidão ou acalento, pelo menos a certeza que eu
tenho é que ela está sendo vivida. Neste momento eu – celebro o eu, num canto
de mim mesmo - sou minha própria poesia
e minha própria poeta, eu sou meu mundo e neste mundo eu permito que eu possa
viver.
Desta vez, a análise ficou um pouco poética, mas queria expressar o que senti ao ler a coletânea de poemas de Folhas de Relva.
Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.
ResponderExcluirParabéns!
Despertou o desejo de leitura imediato, muito bom!