quinta-feira, 28 de junho de 2018

Folhas de Relva, um canto ao universo



“Eu celebro o eu, num canto de mim mesmo” pois todos os átomos presentes em meu corpo habitam em um universo esplendido cujo sou eternamente grata de fazer parte. Uma saudação a vida, por me permitir ter o dom de escrever e compartilhar a leitura de Walt Whitman, saúdo a este poeta e saúdo a vida por me dar a chance de no mundo habitar junto de suas palavras, elas deixaram digitais em mim e percebo que a partir de hoje o meu mundo não será o mesmo.

Primeiro falarei de como o autor canta para o amor. O amor é tão pleno para ele tratado como uma forma natural, amar é como respirar, simplesmente involuntário. É necessário amar, a partir dele você aprende a viver nesse mundo, uma experiência necessária e válida. Talvez eu ainda não tenha amado o suficiente para escrever sobre este tema, mas posso dizer que aceito esta condição e quem sabe um dia terei palavras suficientes para dizer sobre mim e este sentimento. Deixo este espaço aberto, um intervalo no meio ao elogio da vida em “Folhas de Relva”, que um dia eu possa dizer que senti os versos de Whitman em meu coração como forma de amor.

Então vamos falar sobre o espaço, é inexplicável o tom do poeta ao falar sobre seu país, sobre cada relevo presente nele, cada particularidade que o faz sentir pertencente a um lugar, ele canta seu país e chama a todos para se unir a ele e amar seu lugar de origem. A cada verso que ele fala dos rios, montanhas, desertos eu me via num estado de pertencimento com meu próprio lugar de origem. Por um momento, eu consegui me transportar para a grama verde da minha casa, consegui avistar as montanhas de Minas Gerais e senti o vento frio sobre minha pele, naquele momento eu percebi o quanto sinto falta de casa, mas que a casa sempre está comigo, portanto eu canto junto a meu espaço, não importa aonde eu estiver eu sempre estarei voltando para lá.

Pois por que não cantamos sobre o mundo? Olha que mundo lindo que vivo! Whitman conseguiu trazer algo em mim que fazia tempo que eu buscava nas páginas, mas que cada vez mais eu perdia, a alegria de viver neste mundo. Ora, é de conhecimento de todos as mazelas que nosso mundo carrega e elas não podem ser ignoradas, mas por um momento é necessário olhar o mundo com uma nova perspectiva, colocar espelhos sobre os olhos e ampliar a visão para enfim ver o quão magnifico é pertencer a este imenso mundo, cheio de coisas tão belas, criadas especialmente para nós e que são uma parte unida a milhares de outras cujo você também pertence, formando um universo repleto de possibilidades.

É possível ser infinito em um universo como nosso mundo, de começar algo, desistir e recomeçar, de enxergar a vida com mil maneiras e se reinventar, se tornar algo novo e de novo ser novo para que algo novo surja. Neste momento você se eleva e eleva seu mundo a um patamar que é somente seu. O mundo é seu e ele é feito para cada singularidade que te pertence, você se adapta ao mundo da mesma forma que ele se une a você, uma sintonia perfeita entre cosmos, o seu infinito com o infinito do universo.

“A partir de agora me ordeno liberado de limites imaginários,
Indo aonde eu queira, meu próprio mestre total e absoluto,
Ouvindo outros, considerando bem o que dizem,
Parando, buscando, recebendo, contemplando,
Gentilmente, mas com vontade inegável, me despindo das amarras que me reteriam

Inalo grandes porções de espaço,
O leste e o oeste são meus, e o norte e o sul são meus.

Sou maior, melhor do que eu pensava,
Não sabia que eu tinha tanta bondade.

Tudo parece belo para mim,
Posso repetir a homens e mulheres
Fizestes tal bem a mim que eu faria o mesmo a vós,
Alistarei para mim a vós ao prosseguir,
Me espalharei entre homens e mulheres a prosseguir,
Lançarei um ovo deleite e rudeza entre eles,
Quem me negar não me perturbará,
Quem me aceitar ele ou ela será abençoado e me abençoará”.
(Canção da Estrada Aberta, 5, pág. 330)

Quero permitir-me ser verso livre - como os versos de Walt Whitman - solta no mundo, sem restrições e mesmo assim completamente lírica, cheia de significados. Permito nesse momento levar suas palavras até o infinito do meu ser e eternizá-lo para sempre em minha vida, por hoje em diante eu amo a vida que estou vivendo, independente dos obstáculos existentes, das alegrias e tristezas, da solidão ou acalento, pelo menos a certeza que eu tenho é que ela está sendo vivida. Neste momento eu – celebro o eu, num canto de mim mesmo - sou minha própria poesia e minha própria poeta, eu sou meu mundo e neste mundo eu permito que eu possa viver.

Desta vez, a análise ficou um pouco poética, mas queria expressar o que senti ao ler a coletânea de poemas de Folhas de Relva.

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros. 

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