quarta-feira, 29 de agosto de 2018

(apenas) Histórias Reais

Na foto, tentei fazer uma releitura da imagem que no livro continha, intitulado "Paisagem vista do quarto"


Antes de começar, quero dedicar esse texto para quem me emprestou o livro e que também me fez ter conhecimento de tal história, o senhor Renan Bolognin (espero ter escrito certo). Obrigada por sempre ser tão solícito e atencioso comigo, e também por me emprestar o livro. Também é legal contar o contexto que me inseri com esse livro, foi ano passado. Como uma boa curiosa, encontrei um minicurso muito interessante em um colóquio na minha faculdade, eis que o palestrante era o Renan, foi quando o conheci e nesse minicurso me interessei muito pelo livro citado da autora Sophie Calle, passou meses e reencontrei Renan e ele lembrou que eu havia gostado do enredo, mas infelizmente não tinha lido ainda. Essa semana, na Jornada de Letras, fui a um novo minicurso ministrado pelo Renan e pelo meu querido Nicolas Neves e dessa vez, consegui pedir emprestado o exemplar e assumo, li em menos de duas horas. Obrigada mesmo, Renan!

Em meio das minhas leituras acadêmicas – que me fizeram ficar um pouco ausente do blog -, decidi dar um espaço para esse livro e para a minha surpresa eu li o livro todo em apenas uma hora. Chegou ao ponto que tive que reler durante a noite, pois temia ter perdido algum detalhe, mas na verdade acho que eu estava precisando de um novo panorama nas minhas leituras. Mais uma vez eu estou lendo um livro contemporâneo e isso me faz muito bem, pois muda os meus ares no meio de tatos clássicos que ando lendo ultimamente. Em resumo, a leitura tão rápida foi cheia de emoções.

Para falar sobre “Histórias Reais” é preciso falar sobre a autora, Sophie Calle é uma fotógrafa e artista que pauta sua criação artística de acordo com momentos ou fatos que ocorrem em sua vida e suas reações. Podemos dizer que é um título bem autoexplicativo, mas basicamente a obra se consiste breves relatos cotidianos da narradora, acompanhado com uma fotografia que representa o que foi escrito. O tema varia, desde momentos da infância da autora, momentos com sua avó ou até uma coleção de breves relatos de sua vida com seu ex-marido.

O que realmente me prendeu nessa história é a forma tão singela e fluida de contar sobre a vida, acompanhados das fotografias somos inseridos no universo da autora, sendo reais os fatos ou não, a história nos prende, talvez esta seja a razão de eu ter lido tão rápido, cada página era uma história nova para descobrir, rir, se emocionar ou simplesmente ficar sem palavras e são apenas histórias reais. Como esta, que para mim, foi a minha favorita:

“A xícara
Sua inteligência me deixava paralisada. Le me convidou para almoçar. A alegria que senti só de pensar nisso foi acompanhado por um certo desconforto: o temor de não estar à altura. Para me preparar, perguntei a ele sobre o que iríamos conversar. Um exercício que eu sabia ser tão tolo quanto inútil, mas que me deixava mais tranquila. A queima-roupa, D escolheu o tema: ‘o que faz você acordar pela manhã? ’ Passei a semana toda pensando e estabeleci várias respostas. Chegado o dia, lancei imediatamente a pergunta para ele, que respondeu: ‘O cheiro do café’, e mudamos de assunto. Ao final da refeição, o café foi servido, e roubei a xícara como uma lembrança. ” (Pág. 53)

O que mais me encantou nessa obra além das histórias contadas é a coragem da autora de colocar a sua vida como um livro, são situações tão cotidianas e ao mesmo tempo muito pessoais, mas foram estampadas para nós leitores. Sempre temo quando escrevo de tornar minha escrita pessoal e de me expor dessa maneira chega a ser, para mim, assustador. Todavia, para a autora vulgo artista, é algo que faz parte do seu show, da sua arte e todo tipo de arte é muito bem-vinda, gostaria de ter esse tipo de coragem.

Se um dia algum de vocês cruzarem com o caminho desta obra ou de qualquer trabalho de Sophie Calle, vale a pena a atenção.

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

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