“Quando certa manhã Gregor Samsa
acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num
inseto monstruoso. ” E assim que somos introduzidos a este ilustre clássico da
literatura mundial.
Antes de começar a falar da
história, queria falar sobre ler os clássicos. Acredito que as leituras de
certos clássicos são inevitáveis e elas acontecem no momento certo da sua vida,
não adianta programar, um clássico entra na nossa vida quando precisamos dele.
No meu caso, não planejava ler Kafka nesse momento, conhecia o enredo, mas
tinha a intenção de nas férias ler este livro. Foi então que, arrumando a
estante de livros do consultório da minha mãe, encontrei uma edição muito bem
conservada e linda, com a primeira tradução feita do alemão para o português.
Não pensei duas vezes em “pegar” este livro para mim e levar para minha
estante, então tive a oportunidade de devorar estas páginas com uma viagem que
fiz a São Paulo recentemente. De fato, os clássicos aparecem no momento certo.
A análise deste livro vai ser tão breve como
suas palavras, mas ao mesmo tempo precisa. A narrativa de Kafka não se estende
muito, mas é necessária que não se estenda uma vez que é o suficiente para te
dar nós no estômago. Desde as primeiras frases onde o narrador começa a
descrever a transformação de Gregor em barata, posso dizer que já causa um
desconforto ao ler e esta mesma sensação se estende por toda a leitura, ela não
fica apenas na descrição do personagem, se estende para todo o contexto da
obra.
Sim, é uma obra que causa muito
desconforto, pois a metamorfose de Gregor em barata não causa apenas mudanças
físicas, mas psicológicas em todos os personagens que vivem junto dele, vemos a
degradação do ser humano sendo exposta na forma de barata dentro daquela casa
que se torna um ambiente hostil, assim, – acredito eu – nos apresentando um
retrato da sociedade. Ao ler Kafka me lembro muito de Camus, pois somos
comovidos pela desgraça de seus protagonistas e somos colocados em reflexão
sobre assuntos inerentes ao ser humano, como por exemplo a miséria humana.
Quero salientar o retrato do pai,
após ler “A Metamorfose” fui pesquisar mais sore o autor e Kafka tem com seu
pai uma relação muito conturbada que é estampada nesta obra – assim como em
outras também – e as posturas que o pai exerce dentro desta história são muito
importantes para os destinos dos personagens que são filhos. Kafka usa muito
esta relação turbulenta como eixo de discussões.
Por fim, a morte aparece como um acalento
para aquela família condenada pela metamorfose de Gregor. É triste pensar por
esse lado, esperar a morte como uma esperança para a vida já tão destruída,
algo muito pessimista, mas preciso, mais uma vez repito, a obra de Kafka é uma
leitura precisa, mesmo que isto te revire o estômago e lhe cause mal-estar, é
necessário entender a metamorfose como uma saga que a recompensa é a morte
nesse mundo tão doentio.
Com carinho, Malu, a Traça do
Livros.
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