quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Análise: As Horas




Mais uma vez Virgínia Woolf será citada no blog! Acho que vou criar um espaço apenas para ela pelo tanto que ando lendo obras dela ou sobre ela, mas acredito que é uma fase minha, mas assumo que está sendo uma fase maravilhosa.
“As Horas” foi publicado por Michael Cunningham em 1998, já pelo título podemos notar a presença da obra da Virgínia na narrativa. Para quem não sabe, o romance – acredito eu – mais conhecido da autora, “Mrs. Dalloway”, iria se chamar As Horas, não sei por que razões a autora mudou o nome do romance – que bom! – Este título não parece captar a essência da história, mas no romance de Cunningham ele é preciso.

O romance conta três histórias paralelas, a primeira narra a própria Virginia Woolf no seu processo criativo de Mrs. Dalloway, não apenas como a história foi criada, mas também como sua vida pessoal refletia ao criar a história (tudo isso na visão do autor). Outra história paralela é a história da Laura Brown, uma mulher americana da década de 1950 que está lendo “Mrs. Dalloway”, então temos as impressões dela sobre o romance e como ele a afeta diretamente em sua vida. O terceira e última história é a de Clarissa Vaugham, uma mulher que vive em Nova York no final dos anos de 1990, nesse caso temos uma releitura mais contemporânea – podemos dizer assim – naquele dia de julho, Clarissa, que é chamada pelo melhor amigo de Mrs. Dalloway, fará uma festa para o mesmo que ganhará um prêmio, Richard foi seu amigo por muitos anos e chegou a ser seu grande amor, naquele dia Clarissa terá muitas reflexões sobre sua vida, igual o romance de Virginia.

A temática do romance se mostra simples, assim como os romances de Virginia, o diferencial está na linguagem mesmo. O autor usa os artifícios de digressão e fluxo de consciência constantemente e de uma forma muito correta, é muito interessante perceber como as histórias tecidas na narrativa estão ligadas de uma forma muito peculiar. Devo frisar que o final deste livro é surpreendente e o faz ser uma ótima leitura! É nesse momento que vemos como realmente as três histórias estão completamente ligadas e como uma influencia a outra, achei o final fantástico.

Todavia, não vou dizer que foi uma leitura espetacular ou que irei recomendar este livro para todos. Sim, ele é muito interessante, mas se notarmos que ele já possui um romance como base para a narrativa, a mesma ainda se mostra muito falha. Acho que o autor pecou um pouco em escolher dar foco em uma história mais do que a outra, não é algo uniforme e eu, como uma grande admiradora da Virginia Woolf e que procurei a história por causa dela, acho que faltou muito a ser trabalhado sobre a autora inglesa e suas influencias com “Mrs. Dalloway”, muitos detalhes foram deixados para trás e com o autor já tinha meio trabalho feito por recriar uma nova visão do romance, acredito que faltou algo a mais para o livro ser fantástico.

Entretanto, recomendarei sempre a adaptação do cinema deste livro, protagonizado por Meryl Streep, Nicole Kidman (inclusive a interpretação dela lhe garantiu um Oscar) e Juliane Moore, não tinha como ficar ruim, pelo contrário, o filme dá a visão que complementa o livro, acredito que é um dos filmes que mais gostei de ver, deixarei o trailer por aqui (clique no hiperlink).

Nesta fase que estou, descobrindo a literatura tão única e incrível de Virginia Woolf, nada mais do que justo conhecer novos olhares sobre essa autora que vem me cativando muito. Mais leituras dela em breve!

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário