Mais uma vez Virgínia Woolf será
citada no blog! Acho que vou criar um espaço apenas para ela pelo tanto que
ando lendo obras dela ou sobre ela, mas acredito que é uma fase minha, mas
assumo que está sendo uma fase maravilhosa.
“As Horas” foi publicado por
Michael Cunningham em 1998, já pelo título podemos notar a presença da obra da
Virgínia na narrativa. Para quem não sabe, o romance – acredito eu – mais
conhecido da autora, “Mrs. Dalloway”, iria se chamar As Horas, não sei por que
razões a autora mudou o nome do romance – que bom! – Este título não parece
captar a essência da história, mas no romance de Cunningham ele é preciso.
O romance conta três histórias
paralelas, a primeira narra a própria Virginia Woolf no seu processo criativo
de Mrs. Dalloway, não apenas como a história foi criada, mas também como sua
vida pessoal refletia ao criar a história (tudo isso na visão do autor). Outra
história paralela é a história da Laura Brown, uma mulher americana da década
de 1950 que está lendo “Mrs. Dalloway”, então temos as impressões dela sobre o
romance e como ele a afeta diretamente em sua vida. O terceira e última
história é a de Clarissa Vaugham, uma mulher que vive em Nova York no final dos
anos de 1990, nesse caso temos uma releitura mais contemporânea – podemos dizer
assim – naquele dia de julho, Clarissa, que é chamada pelo melhor amigo de Mrs.
Dalloway, fará uma festa para o mesmo que ganhará um prêmio, Richard foi seu
amigo por muitos anos e chegou a ser seu grande amor, naquele dia Clarissa terá
muitas reflexões sobre sua vida, igual o romance de Virginia.
A temática do romance se mostra
simples, assim como os romances de Virginia, o diferencial está na linguagem
mesmo. O autor usa os artifícios de digressão e fluxo de consciência
constantemente e de uma forma muito correta, é muito interessante perceber como
as histórias tecidas na narrativa estão ligadas de uma forma muito peculiar.
Devo frisar que o final deste livro é surpreendente e o faz ser uma ótima
leitura! É nesse momento que vemos como realmente as três histórias estão
completamente ligadas e como uma influencia a outra, achei o final fantástico.
Todavia, não vou dizer que foi uma
leitura espetacular ou que irei recomendar este livro para todos. Sim, ele é
muito interessante, mas se notarmos que ele já possui um romance como base para
a narrativa, a mesma ainda se mostra muito falha. Acho que o autor pecou um
pouco em escolher dar foco em uma história mais do que a outra, não é algo
uniforme e eu, como uma grande admiradora da Virginia Woolf e que procurei a
história por causa dela, acho que faltou muito a ser trabalhado sobre a autora
inglesa e suas influencias com “Mrs. Dalloway”, muitos detalhes foram deixados
para trás e com o autor já tinha meio trabalho feito por recriar uma nova visão
do romance, acredito que faltou algo a mais para o livro ser fantástico.
Entretanto, recomendarei sempre a
adaptação do cinema deste livro, protagonizado por Meryl Streep, Nicole Kidman (inclusive a interpretação dela lhe garantiu um Oscar) e Juliane Moore, não tinha como ficar ruim, pelo contrário, o filme dá a visão
que complementa o livro, acredito que é um dos filmes que mais gostei de ver,
deixarei o trailer por aqui (clique no hiperlink).
Nesta fase que estou, descobrindo a
literatura tão única e incrível de Virginia Woolf, nada mais do que justo conhecer
novos olhares sobre essa autora que vem me cativando muito. Mais leituras dela
em breve!
Com carinho, Malu, a Traça dos
Livros.
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