sexta-feira, 27 de abril de 2018

Meu artigo e poesia publicados em livro!!




É aquele sentimento de acolhida, de felicidade e uma mistura de gratidão por ter podido viver essa experiência de ter um artigo e uma poesia publicados em um livro e não um livro qualquer, o livro! Pois a alegria de poder compartilhar minhas palavras o faz mais especial para mim do que ele próprio já é.

Primeiramente como tudo isso começou... em agosto de 2017 participei de um minicurso promovido pelos organizadores do livro, o pessoal o E-Ladis, laboratório de pesquisas ligado ao Departamento de Educação, Informação e Comunicação da FFCLRP/USP em Ribeirão Preto, neste evento, palestras sobre a representação feminina em vários espaços foram ministradas e lembro de me interessar demais por cada apresentação expressa. No mesmo dia, foi anunciado a publicação do livro com a temática de retratar o feminino na sociedade e tomei coragem para encarar tal desafio.

Então começou o processo, uma estudante de letras com a ajuda de sua prima à procura das palavras certas para o artigo e já que falávamos da presença do feminino na sociedade, nada mais justo eu expressar o meu cotidiano e escolhi então falar de um espaço cujo estou inserida e que me ensina muito sobre a vida. A Ordem Internacional das Filhas de Jó, uma ordem fraternal cujo faço parte desde 2014 e que até me faz refletir sobre a posição que quero ter na sociedade. A Ordem em si, por ser mais discreta, pouco se conhecem sobre e vi uma oportunidade de exprimir toda a gratidão e orgulho que possuo por fazer parte desta. Um local onde o feminino é exaltado sim e trazer em palavras uma discussão sobre padrões e estereótipos que criamos sem termos um conhecimento prévio e inserir outros modos de retratar a presença do feminino em sociedade. Tenho muito a agradecer a Maria Beatriz Ribeiro Prandi (minha prima) e a Fabiana Claudia Viana Borges pela parceria e apoio, o resultado foi muito satisfatório e só chegou a isso pois vocês acreditaram em mim, minha repleta gratidão!

No entanto, já que o artigo estava muito bem encaminhado, “Porque você não escreve uma poesia também, Malu? ” Essas foram as palavras de minha prima, assumo, foi muito mais difícil. Trato a poesia como algo pleno e igual a um cristal, precisa ser lapidado, como as palavras daquele minicurso ainda estavam em minha mente, procurei escrever sobre algo que realmente eu precisava e que eu sabia que outras como eu também procuravam o mesmo. A aceitação de si mesma. Dizer “sim” a cada singularidade que habitava dentro de mim e foi assim que surgiu “Adoração Austen”. A procura do meu eu-lírico dizendo a mim mesma e para todas aquelas que lerem a minha poesia que devemos dizer um sim para nós mesmas e nos aceitarmos como realmente somos, independente das condições. A frase de Jane Austen que inspirou esta poesia é levada comigo diariamente no meu coração, mas eu havia percebido ao escrever que eu mesma não praticava aquilo que tanto acreditava e que era preciso escrever, para fixar o sentimento. Pois se eu não disser um sim para mim? Quem dirá? E ver este “sim” expresso na orelha do livro (sim, obtive esse destaque por mérito) é um sentimento de trabalho cumprido.

Não há como expressar de maneira completa a gratidão quando obtive em minhas mãos esse livro tão lindo, tão intenso e também tão preciso, muita gratidão por fazer parte deste projeto que tem tantos tópicos incríveis! Não vejo a hora de ler cada artigo e poesia e dou o convite para todos que aqui lerem procurar adquirir o livro que realmente valeu a pena participar! É lindo ver o espaço da mulher sendo exaltado de várias formas e agradeço muito por estar junto nessa luta.

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Análise: O Conto da Aia (under his Eye)


foto tirada do meu Instagram

“(...) pensamos que faríamos melhor.
Melhor? Digo, em voz baixa, apagada. Como ele pode pensar que isso é melhor?
Melhor não significa melhor para todo mundo, diz ele. Sempre significa pior, para alguns. ” (Pág. 251)

E enfim o dia chegou e eu li O Conto da Aia! Depois de descobrir a incrível trajetória literária de Margaret Atwood, chegou o momento de contar minha experiência com o seu livro (acredito eu) mais conhecido.

Primeiramente, devo dizer que minhas expectativas estavam muito altas quando comecei a leitura, uma vez que os dois livros anteriormente eram incríveis e eu estava fascinada com a escrita da autora, a série (cujo estou assistindo) influenciou muito, uma vez que se tornou muito aclamada e de fato, é fantástica e foi muito essencial para entender partes do livro cujo ficaram vagas.

É retratado na narrativa de O Conto da Aia o universo da “distopia”, mas o que é isso? Distopia seria algo oposto da utopia, algo reverso e nesse caso temos relatado uma revolução de uma ditadura teocrática. A Constituição Americana se torna suspensa e o Estado de Gilead é instaurado no país, uma espécie de ditadura cujo os valores religiosos estavam estreitamente atrelados as leis, de forma completamente radical. Os direitos foram anulados e somos apresentados a um universo sem esperança e com muito terror, e é assim que conhecemos a história de Offred.

Primeiramente este não é seu nome verdadeiro (ele não é divulgado, por um momento acreditamos que seu nome é June, mas não é especificamente falado), Offred quer dizer “Of Fred” o nome de seu Comandante, uma vez que ela é uma Aia. Devido ao uso de elementos tóxicos na natureza entre outros surtos de doenças, poucas mulheres continuaram férteis neste futuro distópico, aquelas que continuaram se tornaram Aias, uma espécie de barriga de aluguel para mulheres da alta classe de Gilead. As mesmas eram tratadas como objetos pertencentes a família, perdendo sua liberdade para ceder ao bem do Estado segundo a Bíblia (Genesis, 30, 1-3).

Entramos na mente da narradora, no caso a própria Offred e temos acesso a não apenas os detalhes das mudanças que ocorreram nessa revolução, mas também os reflexos dela nas pessoas que viviam com Offred e com ela mesma, temos também acesso a suas memórias antes de tudo e as suas lamentações devido a sua condição atual, o serviço de escravidão era incomodo, todavia não havia o que ser feito, tudo estava tomado. Ela também conta seu dia-a-dia com as pessoas que viviam na mesma casa que ela cujo tinha uma relação diferente om cada um (deixo um adendo para a esposa do Comandante, Serena Joy, foi um dos personagens que mais me instigou e para mim o mais bem construído).

Ao decorrer da história, nós sentimos junto com Offred as condições de um sistema autoritário com bases radicais, Atwood tece críticas precisas (como sempre), mas dessa vez não apenas ao feminino, mas também ao social, como palavras como as palavras da Bíblia podem muito bem serem distorcidas em prol do controle, indo ao aposto do que se pregam e como partidos autoritários conseguem espaços na sociedade rapidamente. O que mais me instiga é que Margaret Atwood publicou este livro em 1985 e como o debate se faz preciso na conjectura atual.

Todavia, é preciso dizer que não foi minha obra favorita lida dela e muitos fatores deixaram a desejar. A construção do romance é cheia de digressões que me deixaram confusa, além de muitos momentos não serem tão bem definidos ou explicados, mas é entendível pois tratávamos apenas das memórias de Offred. Claro, temos que destacar o final e o epílogo, não sabemos o futuro dos personagens, na verdade temos apenas hipóteses a partir do epílogo cujo descobrimos que pode haver ou não autenticidade nos relatos de Offred, nos dando ainda mais discussões para serem pensadas. O final vale a história toda.

Em resumo, leia! Reflita! É preciso! Margaret Atwood se tornou uma autora muito especial para mim e quero procurar saber mais sobre ela, é fantástico o que ela consegue exprimir em suas histórias, e já deixo o convite para assistirem a série The Handmaid’s Tale cujo faz jus a essa obra!

Blessed be the fruit.

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Análise: Lolita


Foto tirada do meu Instagram


Acredito que se você conseguiu ler as vinte primeiras páginas, você terá estomago para o livro inteiro. E é assim que começamos nossa análise deste romance um tanto quanto perturbador.

Conhecemos os relatos de Humbert Humbert, um homem cujo criou um diário na prisão e pediu para que o mesmo fosse publicado após a sua morte – todas as pessoas envolvidas em sua vida também estariam mortas quando ocorresse a publicação – então somos inseridos no mundo degradante e assustador da mente de um pedófilo.

Humbert nos conta a sua “história de amor” com uma garota de doze anos com seu apelido de Lolita. Todavia, antes de Lolita, na sua adolescência, Humbert se apaixonou por Annabel, cujo ele a denota como a primeira “ninfeta” de sua vida (este termo surgiu na narrativa, é definido por uma garota com características sexualizadas) =, mas Annabel morre de tifo antes de qualquer investida ser concretizada e durante toda sua vida, Humbert procura concretizar isso com sua mente doente, a procura de adolescentes.

O romance é narrado no ponto de vista do protagonista Humbert, que relata sua vinda aos EUA que apesar de várias adversidades o fez conhecer Lolita, a filha de sua senhoria cujo alugou um quarto. Lolita é narrada por ter inúmeras qualidades que atraiam a mente suja de Humbert e como trata-se de apenas um ponto de vista, vemos que ele frisa as provocações da garota cujo não pode se defender dentro da história. Temos o ponto de vista de um louco que não poupa esforços para mostrar o quão insana sua mente é, ele se condena muitas vezes, pedindo para que não tenhamos pena dele, ele era um pedófilo.

Eis que entramos na problemática desta história, pois Humbert conta sua vida com certo lirismo romântico e com seu ponto de vista perverso que te envolve na história, compra suas ideias e isto (pelo menos para mim) me chocou muito, como não achar lindo e doente esta citação que inicia a história:

“Lolita, luz da minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da descendo três saltos pelo ceu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta.

Pela manhã era Lô, não mais que Lô, com seu metro e quarenta e sete de altura e calcando uma única meia soquete. Era Lola ao vestir os jeans desbotados. Era Dolly na escola. Era Dolores na linha pontilhada. Mas em meus braços sempre foi Lolita. ” (Pág.11)

Não tem como negar que é linda a forma que ele a descreve, mas é ao mesmo tempo doente! Ele consegue te envolver em toda a narrativa que se estende em mostrar as características um tanto quanto avançadas de Lolita e – ao seu ponto de vista – suas provocações para a mente doente de Humbert. O mesmo tenta se aproximar de qualquer forma da garota, ao ponto de casar com sua mãe para se tornar padrasto de Lolita.

Entretanto, um incidente ocorre e por desventura, Humbert se torna o responsável pela tutela de Lolita e temos então os relatos da viagem dos dois ao redor de todo o país, onde enfim seu romance consegue se concretizar e aos poucos isso se torna o fator da degradação moral da jovem garota que tem um final um tanto quanto estranho, mas pelo menos longe de Humbert que por certas razoes foi preso e escreveu o diário.

Um livro tão perturbador e ao mesmo fascinante, o autor (Vladimir Nabokov) não mede esforços para estampar a insanidade de Humbert, que ao mesmo tempo nos faz crer em sua inocência, mas não nega sua loucura. Não tem como negar que é uma leitura densa, mas fantástica, a curiosidade nos leva até o final para sabermos o que realmente aconteceu com os personagens que nos prendem ao decorrer da história. Talvez sejamos loucos um pouco por lermos até o final, ou apenas somos peças para a denúncia de abusos que ocorrem ao redor de nós e as vezes nem percebemos.

Acho que é isto, temos como finalizado um livro tão preciso e tão insano, uma dualidade ao ler as páginas, mas que sempre lembrarei de ter lido.

Ps: Existe alguns filmes deste livro, o mais famoso é a versão de 1997, cujo o protagonista é interpretado pelo Jeremy Irons, essa versão tem completa no YouTube se caso interessar alguém.

Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Análise: Peter Pan, vamos voltar a ser crianças um pouco? (CBC)




Mais um livro do desafio literário concluído (na verdade, eu terminei a leitura no mês passado, mas só agora consegui escrever sobre) e o primeiro post do mês de abril, depois de tantas leituras densas, nada melhor do que mergulhar na imaginação de uma história infantil.

Conhecemos a história dos irmãos Darling, três crianças que viviam em Kensington, que uma noite receberam uma vista tanto quanto especial. Peter Pan, um menino que nunca crescia, junto de sua fada amiga, Sininho, então, junto deles, os irmãos: Wendy, Miguel e João embarcam para a Terra do Nunca, onde Peter vivia, com a promessa de mil aventuras.

A Terra do Nunca era o local onde Peter morava junto com os meninos perdidos, crianças que nunca cresciam e lá habitavam aquele lugar cheio de criaturas fantásticas e magia e ao logo da história, vamos vivenciando as aventuras deles junto de Peter.

O ponto que quero chegar é que Peter Pan transcende a tarja etária e se torna uma história fundamental para nós, que deixamos de ser crianças, como forma de sempre nos lembrarmos que um dia acreditamos em fadas! Peter é a representação clara daquela criança que vive intensamente e não quer deixar de viver tudo isso. Que podemos nos tornar Peter Pan algumas vezes, voltarmos a ser crianças, acreditarmos na magia.

Foi exatamente assim que me senti ao ler Peter Pan, depois de tantas leituras intensas, cheias de críticas e problemas, me transportei para a Terra do Nunca e me permiti ser criança, fugir daquela realidade que me cercava dentro e fora das leituras anteriores, uma vez que não sou mais uma criança, mas por um momento, ao virar cada página, eu me senti voando pelos céus de Kensington em rumo ao mágico.

Leiam sempre um conto de fadas, pois eles trazem cores para nossa vida, nos fazendo acreditar! 

Com Carinho, Malu, a Traça dos Livros.