Foto tirada do meu Instagram
Acredito que se você conseguiu ler
as vinte primeiras páginas, você terá estomago para o livro inteiro. E é assim
que começamos nossa análise deste romance um tanto quanto perturbador.
Conhecemos os relatos de Humbert
Humbert, um homem cujo criou um diário na prisão e pediu para que o mesmo fosse
publicado após a sua morte – todas as pessoas envolvidas em sua vida também
estariam mortas quando ocorresse a publicação – então somos inseridos no mundo
degradante e assustador da mente de um pedófilo.
Humbert nos conta a sua “história
de amor” com uma garota de doze anos com seu apelido de Lolita. Todavia, antes
de Lolita, na sua adolescência, Humbert se apaixonou por Annabel, cujo ele a
denota como a primeira “ninfeta” de sua vida (este termo surgiu na narrativa, é
definido por uma garota com características sexualizadas) =, mas Annabel morre de
tifo antes de qualquer investida ser concretizada e durante toda sua vida,
Humbert procura concretizar isso com sua mente doente, a procura de
adolescentes.
O romance é narrado no ponto de
vista do protagonista Humbert, que relata sua vinda aos EUA que apesar de várias
adversidades o fez conhecer Lolita, a filha de sua senhoria cujo alugou um
quarto. Lolita é narrada por ter inúmeras qualidades que atraiam a mente suja
de Humbert e como trata-se de apenas um ponto de vista, vemos que ele frisa as provocações
da garota cujo não pode se defender dentro da história. Temos o ponto de vista
de um louco que não poupa esforços para mostrar o quão insana sua mente é, ele
se condena muitas vezes, pedindo para que não tenhamos pena dele, ele era um
pedófilo.
Eis que entramos na problemática desta
história, pois Humbert conta sua vida com certo lirismo romântico e com seu
ponto de vista perverso que te envolve na história, compra suas ideias e isto
(pelo menos para mim) me chocou muito, como não achar lindo e doente esta citação
que inicia a história:
“Lolita,
luz da minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a
ponta da descendo três saltos pelo ceu da boca para tropeçar de leve, no
terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta.
Pela
manhã era Lô, não mais que Lô, com seu metro e quarenta e sete de altura e
calcando uma única meia soquete. Era Lola ao vestir os jeans desbotados. Era Dolly
na escola. Era Dolores na linha pontilhada. Mas em meus braços sempre foi Lolita.
” (Pág.11)
Não tem como negar que é linda a
forma que ele a descreve, mas é ao mesmo tempo doente! Ele consegue te envolver
em toda a narrativa que se estende em mostrar as características um tanto
quanto avançadas de Lolita e – ao seu ponto de vista – suas provocações para a
mente doente de Humbert. O mesmo tenta se aproximar de qualquer forma da
garota, ao ponto de casar com sua mãe para se tornar padrasto de Lolita.
Entretanto, um incidente ocorre e
por desventura, Humbert se torna o responsável pela tutela de Lolita e temos então
os relatos da viagem dos dois ao redor de todo o país, onde enfim seu romance
consegue se concretizar e aos poucos isso se torna o fator da degradação moral
da jovem garota que tem um final um tanto quanto estranho, mas pelo menos longe
de Humbert que por certas razoes foi preso e escreveu o diário.
Um livro tão perturbador e ao mesmo
fascinante, o autor (Vladimir Nabokov) não mede esforços para estampar a
insanidade de Humbert, que ao mesmo tempo nos faz crer em sua inocência, mas não
nega sua loucura. Não tem como negar que é uma leitura densa, mas fantástica, a
curiosidade nos leva até o final para sabermos o que realmente aconteceu com os
personagens que nos prendem ao decorrer da história. Talvez sejamos loucos um
pouco por lermos até o final, ou apenas somos peças para a denúncia de abusos
que ocorrem ao redor de nós e as vezes nem percebemos.
Acho que é isto, temos como
finalizado um livro tão preciso e tão insano, uma dualidade ao ler as páginas,
mas que sempre lembrarei de ter lido.
Ps: Existe alguns filmes deste
livro, o mais famoso é a versão de 1997, cujo o protagonista é interpretado
pelo Jeremy Irons, essa versão tem completa no YouTube se caso interessar alguém.
Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.
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