foto tirada do meu Instagram
“(...)
pensamos que faríamos melhor.
Melhor?
Digo, em voz baixa, apagada. Como ele pode pensar que isso é melhor?
Melhor
não significa melhor para todo mundo, diz ele. Sempre significa pior, para alguns.
” (Pág. 251)
E enfim o dia chegou e eu li O
Conto da Aia! Depois de descobrir a incrível trajetória literária de Margaret
Atwood, chegou o momento de contar minha experiência com o seu livro (acredito
eu) mais conhecido.
Primeiramente, devo dizer que
minhas expectativas estavam muito altas quando comecei a leitura, uma vez que
os dois livros anteriormente eram incríveis e eu estava fascinada com a escrita
da autora, a série (cujo estou assistindo) influenciou muito, uma vez que se
tornou muito aclamada e de fato, é fantástica e foi muito essencial para
entender partes do livro cujo ficaram vagas.
É retratado na narrativa de O Conto
da Aia o universo da “distopia”, mas o que é isso? Distopia seria algo oposto
da utopia, algo reverso e nesse caso temos relatado uma revolução de uma ditadura
teocrática. A Constituição Americana se torna suspensa e o Estado de Gilead é
instaurado no país, uma espécie de ditadura cujo os valores religiosos estavam
estreitamente atrelados as leis, de forma completamente radical. Os direitos
foram anulados e somos apresentados a um universo sem esperança e com muito
terror, e é assim que conhecemos a história de Offred.
Primeiramente este não é seu nome
verdadeiro (ele não é divulgado, por um momento acreditamos que seu nome é
June, mas não é especificamente falado), Offred quer dizer “Of Fred” o nome de
seu Comandante, uma vez que ela é uma Aia. Devido ao uso de elementos tóxicos na
natureza entre outros surtos de doenças, poucas mulheres continuaram férteis neste
futuro distópico, aquelas que continuaram se tornaram Aias, uma espécie de
barriga de aluguel para mulheres da alta classe de Gilead. As mesmas eram
tratadas como objetos pertencentes a família, perdendo sua liberdade para ceder
ao bem do Estado segundo a Bíblia (Genesis, 30, 1-3).
Entramos na mente da narradora, no
caso a própria Offred e temos acesso a não apenas os detalhes das mudanças que
ocorreram nessa revolução, mas também os reflexos dela nas pessoas que viviam
com Offred e com ela mesma, temos também acesso a suas memórias antes de tudo e
as suas lamentações devido a sua condição atual, o serviço de escravidão era
incomodo, todavia não havia o que ser feito, tudo estava tomado. Ela também
conta seu dia-a-dia com as pessoas que viviam na mesma casa que ela cujo tinha
uma relação diferente om cada um (deixo um adendo para a esposa do Comandante,
Serena Joy, foi um dos personagens que mais me instigou e para mim o mais bem construído).
Ao decorrer da história, nós
sentimos junto com Offred as condições de um sistema autoritário com bases
radicais, Atwood tece críticas precisas (como sempre), mas dessa vez não apenas
ao feminino, mas também ao social, como palavras como as palavras da Bíblia
podem muito bem serem distorcidas em prol do controle, indo ao aposto do que se
pregam e como partidos autoritários conseguem espaços na sociedade rapidamente.
O que mais me instiga é que Margaret Atwood publicou este livro em 1985 e como
o debate se faz preciso na conjectura atual.
Todavia, é preciso dizer que não foi
minha obra favorita lida dela e muitos fatores deixaram a desejar. A construção
do romance é cheia de digressões que me deixaram confusa, além de muitos
momentos não serem tão bem definidos ou explicados, mas é entendível pois tratávamos
apenas das memórias de Offred. Claro, temos que destacar o final e o epílogo, não
sabemos o futuro dos personagens, na verdade temos apenas hipóteses a partir do
epílogo cujo descobrimos que pode haver ou não autenticidade nos relatos de
Offred, nos dando ainda mais discussões para serem pensadas. O final vale a
história toda.
Em resumo, leia! Reflita! É preciso!
Margaret Atwood se tornou uma autora muito especial para mim e quero procurar
saber mais sobre ela, é fantástico o que ela consegue exprimir em suas
histórias, e já deixo o convite para assistirem a série The Handmaid’s Tale
cujo faz jus a essa obra!
Blessed be the fruit.
Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.
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