Dessa vez não teve uma foto bonitinha do Instagram, pois eu li online kkkk
Nossa,
estava entusiasmada para vir comentar com vocês sobre minha nova leitura e
dessa vez escolhi – mais uma – distopia. Não irei me estender sobre a definição
do que se trata uma distopia, pois acredito que já devem saber do que se trata
e já havia dito em leituras anteriores sobre isso, e pelo o que me parece, a
distopia e o nome de Margaret Atwood estão bem atrelados ultimamente. Minha opinião
sobre a autora é complexa, admiro muito seu trabalho e sua personalidade, mas
não acho que seja algo tão fenomenal assim e vejo ainda muito apelo comercial e
uma literatura mais massificada, teci críticas duras ao “Conto da Aia”, mas
decidi dar uma nova chance para essa nova distopia que me aparecia na leitura
de “Oryx e Crake”, já posso dizer que o saldo foi um pouco mais positivo.
Desta vez
temos uma distopia bem diferente do “Conto da Aia”, dessa vez ela se vem
através da biotecnologia, com ares de “Admirável Mundo Novo”, a história nos apresenta
o Homens das Neves, vulgo Jimmy, um dos últimos seres humanos vivo em um mundo
pós-apocalíptico no qual os genes dos seres humanos e dos animais se tornaram híbridos
e criados em laboratórios, a terra foi assolada por catástrofes e doenças e inúmeros
animais mutantes surgiram com o avanço de tecnologias e Jimmy tenta sobreviver
àquele ambiente hostil com os recursos possíveis e com suas memórias do passado
na intenção de entender tudo que houve para o resultado final ser isso.
A história
não é linear, então temos capítulos e mais capítulos com flashbacks e digressões
do protagonista enquanto entendemos o que realmente aconteceu nesse mundo
distópico, na verdade tudo é muito bem remendado ao ponto de no final
conseguirmos compreender o que houve e o papel de Jimmy em toda a história,
vemos que ele não passa de um instrumento em meio ao caos e como um observador
de todos os atos, temos um panorama completo e reflexões sobre tudo aquilo, posso
dizer que nesse livro, Margaret Atwood, além de saber atar os fatos com muito êxito,
nos trouxe aspectos muito mais aprimorados acerca da distopia, mas também em questões
inerentes ao ser humano, como a esperança, a dor, o conformismo (guardem bem
esta palavra), a perda, dentre outros.
Mas agora
vem a pergunta, quem é Oryx e quem é Crake? Eles são peças principais desta
trama o que faz Jimmy ser um instrumento de reflexão ainda mais poderoso. Primeiro
falaremos de Oryx, o grande amor de Jimmy, a figura idealizada da mulher cujo
traz a paz e tranquilidade ao coração do protagonista, mas também é um agente
do caos muito importante, uma vez que o clímax só poderia acontecer com a
presença dela. Oryx carrega em si um passado completamente sombrio e abusivo,
porém a mesma nunca se coloca em um papel de vítima, pelo contrário, ela traz
uma carga de conformismo enorme no qual Jimmy não consegue compreender e este
mesmo conformismo dela em qualquer tipo de condição se tornou sua própria ruína
e a ruína dos outros.
Agora falaremos
de Crake, o amigo de infância de Jimmy, aquele sempre visto como o mais
inteligente ou o melhor ou com menos problemas que Jimmy, é colocado nele certo
posto de admiração pelo protagonista e ele é realmente, literalmente o
responsável pelo caos e tem total consciência disso, ele realmente quer isso,
movido pela ganância ou um bem maior no qual foi possuído ao longo dos anos. Ambos
os personagens são fascinantes e mais ainda, são muito opostos a Jimmy,
enquanto Oryx e Crake carregam em si um conformismo extremo sobre a condição –
podemos dizer - desumana da humanidade, Jimmy ainda carregava esperanças e questionamentos
que no final acabam caindo por terra uma vez que ele se vê sem saída nesse tal
mundo, podemos dizer que nesse caso, o antagonismo “venceu”.
Finalizando
com minha opinião pessoal (mesmo sabendo que ela não vale tanta coisa), o livro
é muito bom e dá gosto de ler, chega a ser instigante a leitura além de muito
bem estruturada, todavia, não vou dizer que é perfeita, possui falhas e possui
certo apelo comercial para a venda massiva, porém vale a pena a leitura, possui
reflexões e ideias bem inteligentes e que me fez em poucos dias encerrar a
leitura com certa satisfação. A minha segunda chance a Margaret Atwood rendeu
um bom fruto.
Com carinho,
malu, a Traça dos Livros.
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