quarta-feira, 24 de julho de 2019

Análise: Oryx e Crake

Dessa vez não teve uma foto bonitinha do Instagram, pois eu li online kkkk


Nossa, estava entusiasmada para vir comentar com vocês sobre minha nova leitura e dessa vez escolhi – mais uma – distopia. Não irei me estender sobre a definição do que se trata uma distopia, pois acredito que já devem saber do que se trata e já havia dito em leituras anteriores sobre isso, e pelo o que me parece, a distopia e o nome de Margaret Atwood estão bem atrelados ultimamente. Minha opinião sobre a autora é complexa, admiro muito seu trabalho e sua personalidade, mas não acho que seja algo tão fenomenal assim e vejo ainda muito apelo comercial e uma literatura mais massificada, teci críticas duras ao “Conto da Aia”, mas decidi dar uma nova chance para essa nova distopia que me aparecia na leitura de “Oryx e Crake”, já posso dizer que o saldo foi um pouco mais positivo.

Desta vez temos uma distopia bem diferente do “Conto da Aia”, dessa vez ela se vem através da biotecnologia, com ares de “Admirável Mundo Novo”, a história nos apresenta o Homens das Neves, vulgo Jimmy, um dos últimos seres humanos vivo em um mundo pós-apocalíptico no qual os genes dos seres humanos e dos animais se tornaram híbridos e criados em laboratórios, a terra foi assolada por catástrofes e doenças e inúmeros animais mutantes surgiram com o avanço de tecnologias e Jimmy tenta sobreviver àquele ambiente hostil com os recursos possíveis e com suas memórias do passado na intenção de entender tudo que houve para o resultado final ser isso.

A história não é linear, então temos capítulos e mais capítulos com flashbacks e digressões do protagonista enquanto entendemos o que realmente aconteceu nesse mundo distópico, na verdade tudo é muito bem remendado ao ponto de no final conseguirmos compreender o que houve e o papel de Jimmy em toda a história, vemos que ele não passa de um instrumento em meio ao caos e como um observador de todos os atos, temos um panorama completo e reflexões sobre tudo aquilo, posso dizer que nesse livro, Margaret Atwood, além de saber atar os fatos com muito êxito, nos trouxe aspectos muito mais aprimorados acerca da distopia, mas também em questões inerentes ao ser humano, como a esperança, a dor, o conformismo (guardem bem esta palavra), a perda, dentre outros.

Mas agora vem a pergunta, quem é Oryx e quem é Crake? Eles são peças principais desta trama o que faz Jimmy ser um instrumento de reflexão ainda mais poderoso. Primeiro falaremos de Oryx, o grande amor de Jimmy, a figura idealizada da mulher cujo traz a paz e tranquilidade ao coração do protagonista, mas também é um agente do caos muito importante, uma vez que o clímax só poderia acontecer com a presença dela. Oryx carrega em si um passado completamente sombrio e abusivo, porém a mesma nunca se coloca em um papel de vítima, pelo contrário, ela traz uma carga de conformismo enorme no qual Jimmy não consegue compreender e este mesmo conformismo dela em qualquer tipo de condição se tornou sua própria ruína e a ruína dos outros.

Agora falaremos de Crake, o amigo de infância de Jimmy, aquele sempre visto como o mais inteligente ou o melhor ou com menos problemas que Jimmy, é colocado nele certo posto de admiração pelo protagonista e ele é realmente, literalmente o responsável pelo caos e tem total consciência disso, ele realmente quer isso, movido pela ganância ou um bem maior no qual foi possuído ao longo dos anos. Ambos os personagens são fascinantes e mais ainda, são muito opostos a Jimmy, enquanto Oryx e Crake carregam em si um conformismo extremo sobre a condição – podemos dizer - desumana da humanidade, Jimmy ainda carregava esperanças e questionamentos que no final acabam caindo por terra uma vez que ele se vê sem saída nesse tal mundo, podemos dizer que nesse caso, o antagonismo “venceu”.

Finalizando com minha opinião pessoal (mesmo sabendo que ela não vale tanta coisa), o livro é muito bom e dá gosto de ler, chega a ser instigante a leitura além de muito bem estruturada, todavia, não vou dizer que é perfeita, possui falhas e possui certo apelo comercial para a venda massiva, porém vale a pena a leitura, possui reflexões e ideias bem inteligentes e que me fez em poucos dias encerrar a leitura com certa satisfação. A minha segunda chance a Margaret Atwood rendeu um bom fruto.

Com carinho, malu, a Traça dos Livros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário