Hoje a
postagem é mais do que especial, pela primeira vez li uma obra de um escritor cujo
eu tenho profunda admiração e total respeito, Amós Oz. Para aqueles que
desconhecem esse nome, Amós Oz é um escritor israelense muito conhecido pelo
seu ativismo pacífico, porém com inúmeras críticas ao governo de seu país,
ganhador de grandes prêmios, Amós é um dos escritores mais conhecidos e
aclamados de Israel. Conheci Amós Oz através da minha mãe, ela havia assistido ao
filme “De amor e trevas” que conta a história do autor e ficou encantada, fiz a
mesma coisa e o resultado foi igual, no natal lhe presenteei com um livro dele,
o mesmo livro que acabei de ler, digamos que eu o peguei emprestado.
Minha
ansiedade e expectativa estavam bem altas quanto a ler qualquer coisa deste
autor e percebi que poucos blogs ou canais literários possuem o nome de Amós Oz
em suas leituras, então começar a leitura foi com certeza muito animador e
nenhum momento me decepcionou, acredito que foi uma das experiências literárias
mais ricas que já tive na minha vida! É difícil começar a explicar esta obra,
mas ela é completamente enriquecedora em vários aspectos.
Contar do
que se trata a história é um pouco complexo, porque o grau de elaboração deste
livro é tão elevado e ao mesmo tempo com uma linguagem simples que chega a ser difícil
definir parâmetros para ele. Acredito que os propósitos de Amós Oz de
transcender os campos da forma na literatura foram muito bem executados, não é à
toa que o autor demorou por volta de cinco anos para concluir a obra.
O enredo é
uma união de histórias curtas, uma sequência que não segue uma ordem cronológica
exata e alterna entre os personagens, além de fábulas, sonhos e parábolas
bíblicas. Trata-se se um romance muito poético, cujo as páginas relatam os
fatos sucintamente e com uma linguagem em prosa poética que em certos momentos
transcendem para outros gêneros e chegam até mesmo ao status de uma
autobiografia. “O mesmo mar” retrata como a vida está entrelaçada com nossos
sentimentos e como tudo está interligado, o eixo principal está centrado em
Albert Danon, um recente viúvo que, após a morte de sua esposa, se vê sozinho
uma vez que seu único filho, Rico, para o Tibete em busca de reconforto. Durante
sua viagem, sua namorada, Dita se aproxima do sogro e a relação de ambos começa
a ter outros destinos.
Todavia,
não é apenas sobre isso que o romance fala, outros arcos são explorados com ligação
aos personagens e inclusive, nosso Narrador, sendo este o próprio escritor tem
o caráter de personagem que vive entre a trama da história. É muito importante salientar
a presença de fragmentos autobiográficos no livro, na minha opinião é um dos
aspectos mais belos de toda a história, pois além de nos familiarizar com cada
personagem, o autor também nos familiariza com sua própria história de uma
forma muito singela.
Um ponto
que vou frisar neste parágrafo é o uso das imagens durante toda a obra. Amós Oz
traz em todas as histórias imagens da natureza e do espaço ao redor dos
personagens e isto se torna muito importante para o desenvolvimento de tudo
pois interfere nitidamente na personalidade e na aura dos personagens e na
própria história. O mar, as estrelas, a noite, as montanhas, são características
muito presentes e ouso dizer que se tornam até mesmo personagens.
O romance é
íntimo, singelo, nobre, nos arrebata do começo ao fim, nos situa de cada
situação e nos traz calma a partir de sua linguagem tão bela e rica. É um
romance completo! Tão ameno e preciso, que passa sua mensagem igualmente como o
autor buscava mesmo, com muita paz. Recomendo, leiam Amós Oz e se encantem.
Com carinho,
Malu, a Traça dos Livros.
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