quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Análise: Eu sei por que o pássaro canta na gaiola


“A vida vai lhe dar exatamente o que você dá a ela. Faça tudo de coração e reze, depois é só esperar. ” (Pág. 306)

É com muita satisfação que escrevo este texto, primeiramente tenho que agradecer especialmente a minha amiga Lara por ter feito este momento acontecer, me emprestando o livro que a um bom tempo eu procurava ler. Conheci Maya Angelou pelo popular e sempre me interessei em ler sua biografia tão famosa, o momento chegou e devorei esta história tão rapidamente pois ao mesmo tempo que ela é tão triste, se torna tão maravilhosa ao meu ver, era impossível parar de ler.

“Eu sei por que o pássaro canta na gaiola” foi uma experiência única ao ser lido, uma vez que não se trata apenas de uma biografia comum, seu estilo se difere desta categoria e lhe dá um destaque especial, a sensibilidade das palavras tocam nosso coração em muitos momentos e junto do narrador você consegue sentir as impressões que ali são transmitidas. Gosto de definir este livro como uma biografia de libertação!

Biografia de libertação por que meio de um cenário de preconceito, segregação e abuso, Margueritte ou melhor, Maya, conseguiu se libertar por meio da leitura e escrita, não há nada mais belo do que isso! Em momentos tão sombrios e incertos, é importante termos algo que nos liberte ou que nos faça fugir um pouco da realidade cruel e nada melhor do que um livro. Dentro de um livro, sonhos podem ser criados, ideias podem ser construídas e uma resistência consegue ser erguida dentro de nós, assim como aconteceu como Maya, pode acontecer com qualquer um.

Chega a ser maravilhoso ler a história de uma mulher, negra, em um país de valores completamente racistas, em uma década cujo a segregação era extrema ter uma voz tão forte e resistente, que através dela incentivou ilhares de outros que por ela seguiram, chega a arrepiar ao ler os relatos de abuso e preconceito, como no momento de sua formatura onde todos estavam tão felizes e foram massacrados por palavras tão duras e preciso destacar um momento eletrizante do livro, cujo me tirou lágrimas quando todos do bairro estavam reunidos no mercado para ouvir a final do campeonato mundial de luta livre, no qual Joe Louis (um lutador negro) estava disputando o título, foi emocionante o relato dela sobre aquele momento e com certeza terei que expressar um trecho por aqui para incentivá-los a ler:
“Os homens no mercado se afastaram das paredes, alertas. As mulheres apertavam seus bebês no colo enquanto, na varanda, as cartas embaralhadas e os sorrisos, os flertes e beliscos de alguns minutos antes tinham parado. Poda ser o fim do mundo. Se Joe perdesse, estaríamos de volta a escravidão, sem chance de ajuda. Seria tudo verdade, as acusações que éramos do tipo mais baixo de ser humano. Só um pouco acima dos macacos. Seria verdade que éramos burros e feios e preguiçosos e sujos e sem sorte e, pior de tudo, que o Próprio Deus bis odiava e nos mandava ser carregadores de madeira e coletores de água para sempre, sem nunca ter fim. ” (Pág. 159)

A leitura desta obra não se faz apenas necessária para o conhecimento da vida da autora, ela é necessária para nossa vida, para seguirmos em frente e de cabeça erguida, sabendo que muitos sofreram e lutaram por nós inconscientemente e que devemos honrar esta luta fazendo parte dela para que a chama da resistência nunca se apague neste mundo que precisa tanto de uma nova consciência. Levarei para o resto da vida as palavras de Maya Angelou e indico a leitura de seu poema “Ainda assim me levanto” como forma de eternizar este momento.

“Você pode me fuzilar com palavrasE me retalhar com seu olharPode me matar com seu ódioAinda assim, como o ar, eu me levanto”


Com carinho, Malu, a Traça dos Livros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário