Não vim falar de livros, mas vim
falar de educação. Deixo meu posto para tomar meu posto como estudante de
licenciatura em letras. É preciso falar, não posso me calar mais, na verdade
nenhum de nós podemos nos calar mais, pois ainda temos voz e precisamos lutar
para continuar tendo, os tempos estão difíceis demais.
Nas circunstancias que meu país está,
com um presidente nitidamente despreparado e com um ministro da educação que é
a favor do desmonte da educação é impossível não falar. Me sinto angustiada, me
sinto triste e pouco venho lendo, uma vez que percebo a quão privilegiada eu
sou! Sou estudante de uma universidade pública, a mesma no qual muitos
estudantes arduamente estudam para conseguir uma vaga e eu consegui após tanta
luta, para chegar um bando de loucos e dizer o que nós fazemos por aqui é
balbúrdia, que somos “idiotas úteis” e “massa de manobra”, que temos que
aceitar o corte de 30% da verba com o risco de termos nossas atividades paradas
devido à falta de custos. É revoltante!
Tem horas que penso em pegar algo e
ler pela diversão que sempre fiz, mas quando começo a ler começo a pensar,
existe ainda tantas pessoas que não possuem a mesma oportunidade do que eu, que
tem acesso a literatura, que aos poucos criou senso crítico e possui opinião própria
a decidir em qual o melhor lado para se posicionar e ter embasamento para
defender seu ponto de vista. A cultura ainda no Brasil é muito excludente e é nítido
que existe um projeto para deixa-la ainda mais distante do povo. Não podemos
deixar.
Faço pesquisa na área de ensino de língua
estrangeira e vi nos olhos de meus alunos o entusiasmo ao trazer um material
completamente novo e fora do convencional no qual eles estão acostumados, a
nossa educação ainda é muito falha e em todas as aulas temos noção do quão
problemático isso é. Por isso procurei estudar isso, por isso sempre tive em minha
mente trazer ao meus alunos novos incentivos tanto na literatura quanto em
qualquer outro assunto, esta missão parece que se tornou cada vez mais
importante nessas circunstancias.
No momento que escolhi ser
professora, assumi o compromisso de sempre trazer conhecimento para meus
alunos, nunca a palavra doutrinação pela minha mente, na verdade ela apenas
passa na mente daqueles que realmente querem doutrinar, na minha mente sempre
veio a palavra “diversidade”, oferecer os melhores campos férteis de
conhecimento, instigar a discussão e ampliar os horizontes para que assim
possam caminhar com suas próprias opiniões.
Eu quero ser Traça, estar junto dos
livros, da educação, da cultura, da diversidade e da liberdade. Eu quero ser traço
de um desenvolvimento onde ocorra igualdade, que os direitos de todos possam
ser respeitados, que o amor se sobreponha ao ódio e a educação seja vista como
prioridade e não como um perigo. Eu quero traçar um futuro com êxito, graduar—me
com uma profissão honrada não só por mim, mas por todos e acima de tudo, ajudar
a traçar novos futuros, novos caminhos onde turbulências como essa nunca mais
se repitam!
Com carinho e muita luta, Malu, a
Traça dos Livros.
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